Cerca de 20% do lixo recolhido pela ecobarreira do Arroio Dilúvio pode ser reciclado

Cerca de 20% do lixo recolhido pela ecobarreira do Arroio Dilúvio pode ser reciclado

A projeção é de que gere renda de R$ 3,2 mil mensais a uma unidade de Triagem da Capital

Mauren Xavier

Lixo que vai parar irregularmente no arroio pode ser retirado e, depois, reaproveitado

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Parte do lixo que é recolhido pela ecobarreira, no Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, poderá ser reciclada, gerando renda e diminuindo o percentual de resíduos levados ao aterro sanitário. O percentual do conteúdo com potencial para isto fica entorno de 15% a 20% do total retirado da água. A maior parte (70%) são de rejeitos, que não têm valor. Assim, efetivamente, o ciclo se fecha. O lixo que vai parar irregularmente no arroio pode ser retirado e, depois, reaproveitado. Mesmo que o total seja pequeno, representará recursos, cerca de R$ 3,2 mil por mês (projeção), a uma unidade de Triagem da Capital, que é responsável por receber parte do lixo reciclável recolhido na cidade

Esses dados foram apresentados nesta quarta, durante coletiva, e integram um estudo realizado pela Engebio Engenharia e Meio Ambiente, a partir de uma iniciativa articulada pelo Instituto Safeweb (que a administra a ecobarreira) e a Braskem, que fez o investimento na pesquisa. "Tenho duas angústia diante do projeto da ecobarreira. A primeira é o lodo, que é formado por um material orgânico e que dificulta a operação do sistema, e a segunda é a destinação do resíduo recolhido. A ideia é dar um fim justo e causar o menor impacto ao meio ambiente, mesmo sendo pouco", comentou o presidente do Instituto Safeweb, Luiz Carlos Zancanella Junior, que também é o idealizador do projeto, que está em operação há 3 anos. Neste período foram retiradas cerca de 470 toneladas de lixo do arroio.

O estudo sobre o potencial de aproveitamento do resíduo foi fundamental, uma vez que havia o receio de que o lixo não poderia ir para aterros por estar contaminado. Segundo o engenheiro responsável pelo estudo, Mario Saffer, foram realizadas duas análises. Uma do conteúdo retirado do arroio e outra do material presente na unidade de triagem. A intenção era comparar e verificar se haveria riscos. "Nas comparações, identificamos que as características contaminantes são similares. Assim, o material retirado do arroio e levado à unidade não trará riscos", explicou.

Nessa lógica, desde o final de novembro, teve início a etapa de testes, em que os resíduos com potencial reciclável estão sendo levados à unidade. Esses testes deverão durar três meses. Nesse período será analisada a adaptação e aceitação desses resíduos, tanto pelas equipes da unidade como pelo mercado, assim como a avaliação do retorno financeiro, que foi estimado em 4% a mais no valor atual produzido com a reciclagem.

O diretor de relações institucionais da Braskem no RS, João Freire, ressaltou a importância do projeto que está relacionado à lógica de economia circular, que é contribuir para dar a destinação correta dos produtos após a utilização. "Seguiremos apoiando todas as iniciativas que colaboram neste sentido", destacou. Internamente, uma das ações da empresa é conseguir, até 2040, que a totalidade das embalagens plásticas seja reutilizada, reciclada ou recuperada.

Presente também na apresentação, o secretário municipal de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário, ressaltou a importância da ampliação da conscientização da destinação dos resíduos. Recordou que apesar da existência de 45 contêineres específicos para o lixo reciclado, instalados na região central da cidade, "nenhuma grama foi aproveitada, por estar misturado". "É importante que essa iniciativa sirva de exemplo e amplie a importância da separação correta dos resíduos". Nessa mesma linha, o secretário municipal de Meio Ambiente, Maurício Fernandes, citou que diariamente são perdidos R$ 105 mil em função do descarte irregular do lixo em Porto Alegre. 

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