Choques em parada de ônibus são comuns, segundo usuários

Choques em parada de ônibus são comuns, segundo usuários

Folha de papel próximo à cobertura do corredor, na João Pessoa, sinaliza o perigo

Luciamem Winck/Correio do Povo

Valtair Jardim de Oliveira morreu na noite desta terça

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Uma folha de agenda afixada próximo à cobertura da Estação Universidade do corredor de ônibus da avenida João Pessoa, no Centro, sinalizava o perigo aos usuários do transporte coletivo. “Não se encoste na cerca. Está dando choque”, dizia a mensagem escrita com caneta esferográfica. O alerta foi afixado no início da manhã a fim de evitar novos acidentes. No final da noite de terça-feira, o estudante Valtair Jardim de Oliveira, 21, do Colégio Estadual Paula Soares, morreu eletrocutado no local depois de apoiar o corpo em uma barra de ferro energizada existente no ponto de embarque e desembarque de passageiros.

Muitas pessoas desconheciam o fato e ficavam apreensivas quando alertadas por outros usuários do transporte coletivo. Grávida de oito meses, a gestante Valdirene Ávila chegou a sentar na barra de ferro por volta das 8h e ficou assustada ao saber que a poucos metros um jovem morrera vítima de uma descarga elétrica. Valdirene, então, passou a fazer apelos no sentido de que as pessoas ficassem o mais próximo possível do meio-fio. O servidor público Alcides Valim disse que, há 30 dias, sentiu o corpo tremer ao se encostar em uma estrutura metálica. “Por sorte foi muito leve, semelhante a uma cãibra”, comparou.

Outro atingido por uma descarga elétrica foi o gari Rafael dos Santos Monteiro. O incidente à noite, no início de março, ocasião em que efetuava a varrição do local. “Estava chovendo e quando me encostei na grade, senti um puxão e minhas pernas ficaram tremendo. Consegui me soltar com auxílio da vassoura”, relatou. Desde o incidente, comunicado aos seus superiores do Departamento Municipal de Limpeza Urbana, Monteiro é cauteloso na remoção do lixo acumulado na Estação Universidade. “Neste ponto de ônibus só retiro o lixo que está longe da grade e das barras de sustentação da parada”, afirmou.

O fiscal Vilson de Souza Henrique, da Carris, disse que em 27 anos de profissão nunca teve conhecimento de tragédia semelhante em um ponto de embarque e desembarque de ônibus. “A Estação Universidade registra intenso movimento de estudantes e trabalhadores e, não se sabe ao certo há quanto tempo, se transformou em zona de risco”, lamentou. Outro que também se viu às voltas com as descargas foi o segurança da Ufrgs, Euclides Pereira da Silva. Segundo ele, o problema não é recente. “Há pelo menos dez anos acontecem situações esquisitas envolvendo a energização do espaço, porém nunca com tamanha intensidade”, relatou.

Silva revelou que, em 28 de março, o colega Luiz Donaldo de Souza registrou no livro de ocorrências do Campus Central um incidente envolvendo uma menina de aproximadamente 10 anos no mesmo local em que o jovem morreu. Souza chegou a solicitar apoio de um eletricista, identificado como João, para verificar o que acontecera. Ele afirmou que a criança ficou grudada na cerca, sendo salva pela mãe que ainda carregava um bebê no colo. No início da tarde do mesmo dia, Souza manteve contato telefônico com a EPTC, solicitando uma imediata intervenção no local. Houve a promessa de que uma equipe faria uma inspeção.

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