Cirurgia separa com sucesso gêmeas siamesas em Passo Fundo
Procedimento com gêmeos conjugados foi o primeiro realizado no interior do Estado
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Kerolyne e Kauny – gêmeas conjugadas – nasceram unidas pelo abdômen, com fígado, intestino e genitália interligados. A mãe, Adriana Ribeiro, 31 anos, residente em Marau, contou que a má formação foi descoberta durante o pré-natal e que ficou apavorada por não saber como transcorreria a gestação nesse caso. Adriana foi encaminhada para a instituição de Passo Fundo, onde nasceram as gêmeas, no dia 31 de janeiro.
Desde então, as meninas ficaram internadas nos leitos do Centro de Terapia Intensiva (CTI) pediátrico e da pediatria. Na semana passada, os médicos decidiram pela cirurgia de separação. O diretor médico do hospital, Rudah Jorge, contou que o desafio da equipe médica era salvar as duas meninas. Segundo ele, esses casos são raros e, geralmente, uma das gêmeas acaba morrendo.
“Felizmente, nossos médicos conseguiram salvar as duas”, disse Rudah Jorge. O médico cirurgião Gustavo Pileggi Castro, responsável pela cirurgia, juntamente com os médicos anestesistas Bruno Gregório e João Manuel Sasso, comemorou o sucesso da intervenção. De acordo com o especialista, foi um procedimento de alto risco, mas graças à equipe médica e à estrutura do hospital, as meninas passam bem.
O procedimento de separação contou, também, com a participação do cirurgião Paulo Reichert, chefe da equipe de transplante hepático do hospital. Ele atuou na separação dos fígados das gêmeas, que eram unidos, mas independentes. O cirurgião afirmou que o procedimento foi bastante complicado devido à necessidade de separação de vários órgãos e o resultado demonstrou "a qualidade da medicina praticada em Passo Fundo e do HSVP". “Foi um fato inédito na história do hospital”, disse ele, ressaltando que foi a primeira cirurgia deste tipo realizada no interior do Estado.
Castro acredita em as meninas poderão ter alta em 10 dias. Elas permanecem no CTI pediátrico, mas foram desentubadas nesse domingo e já se alimentam bem. Kerolyne e Kauny estão pesando, respectivamente, 7 e 5 quilos. O médico afirma que as gêmeas ainda devem passar por outras cirurgias, mas poderão levar uma vida normal.
Os pais, o mecânico Juliano do Amaral e Silva, 23 anos, e Adriana Ribeiro, contam que as outras duas irmãs de 2 e 9 anos, estão ansiosas para receber as gêmeas. Eles já pensam na festa para comemorar o aniversário de Kerolyne e Kauny em 31 de janeiro de 2013. Castro falou que não existe explicação científica para o nascimento de gêmeos conjugados, mas afirma que são raros os casos – para cada 50 mil gêmeos nascidos.