Clientes reclamam ao embalar compra

Clientes reclamam ao embalar compra

Ausência de empacotador, atividade muitas vezes de ingresso no trabalho, gera insatisfação

Correio do Povo

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Ir ao supermercado e empacotar as próprias compras vem se transformando em prática comum em estabelecimentos comerciais. A ausência de empacotadores em algumas das maiores redes de varejo chama atenção dos consumidores, que muitas vezes ajudam o caixa a embalar os produtos. Em Porto Alegre, no Passo d'Areia, no hipermercado Carrefour, localizado na Plínio Brasil Milano, os clientes observam os produtos se acumularem no guichê até que o último item seja contabilizado. Por conta disso, muitas vezes os próprios clientes ajudam o funcionário a embalar as compras. Apesar de causar estranheza e insatisfação entre clientes, hipermercados, supermercados e assemelhados não são obrigados a contar com empacotadores. 

Em 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou uma lei municipal de Pelotas que exigia a contratação de empacotadores. Conforme o STF, são inconstitucionais as leis que obrigam os supermercados ou 'similares a prestação de serviços de acondicionamento ou embalagem de comprar por violação ao princípio da livre iniciativa'. O Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre (Sindec) critica a ausência de empacotadores nas maiores redes varejistas, embora reconheça que algumas empresas ainda mantêm esse serviço para garantir a qualidade do atendimento aos clientes. O presidente do Sindec, Nilton Neco, critica a decisão e afirma que vai chegar um momento em que os supermercados não "vão disponibilizar nem sacolas". 

"É um posto de trabalho retirado, às vezes representa a primeira oportunidade para o jovem entrar no mercado de trabalho. É um erro grande das grandes redes 'economizar nos empacotadores' com argumento de que têm que diminuir a folha de pagamento. Diminui a qualidade do trabalho dela e reduz a oportunidade do jovem entrar no mercado de trabalho", observa. Segundo Neco, a entidade se preocupa com as condições gerais de trabalho, como a postura, e cobra das redes de supermercados caixas e cadeiras adequadas para garantir a ergonomia no trabalho. "A ideia é evitar problemas físicos ao pessoal que trabalha no caixa", completa. Consultados pela reportagem, tanto o Procon municipal quanto o estadual informaram que hipermercados, supermercados e assemelhados não são obrigados a contar com empacotadores. Também não há registro de reclamações nesses órgãos.

 Em nota, o Carrefour informa que mantém empacotadores nas suas lojas e que houve uma redução no número desses profissionais devido à pandemia. Com isso, "foi estabelecido um protocolo que prioriza o atendimento a pessoas dos grupos prioritários, como idosos, grávidas e pessoas com deficiência", finaliza a nota. No entanto, há várias semanas os operadores de caixa seguem sozinhos nos guichês e, em nenhum deles, há presença de empacotadores. "Dia desses estava fazendo compras para a minha família e para minha sogra. Quando percebi o guichê estava repleto de produtos e quando questionei pelo empacotador, a caixa disse que eu precisaria embalar os itens. Como ainda não tinha pago as compras, fiquei irritado e deixei ela falando sozinha e tudo que havia selecionado para trás", relatou um motorista de aplicativos. "No Carrefour não entro mais, nem que ofertem produtos de graça", frisou.


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