Comércio de Porto Alegre registra queda de 10% em razão dos assaltos

Comércio de Porto Alegre registra queda de 10% em razão dos assaltos

Um terço dos estabelecimentos de rua já foram alvo dos bandidos pelo menos uma vez na Capital

Jéssica Mello

Restrição no acesso aos estabelecimentos em horários de pouco movimento ajuda a proteger o comércio

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A sensação de insegurança está atingido o comércio com a redução do movimento de clientes, além dos prejuízos em assaltos e gastos com segurança privada. Lojistas já registram uma redução de até 10% nas vendas ao mês. Um levantamento feito pelo Sindilojas Porto Alegre indica que 33% dos estabelecimentos de rua da Capital já foram assaltados ao menos uma vez. Para o presidente da entidade, Paulo Kruse, o medo da população tem feito com que muitos optem por não sair às compras. “Os custos se mantêm mas a venda cai. Não há uma equação de equilíbrio”, afirma.

Em Porto Alegre, o maior número de ocorrências é de assaltos a estabelecimentos comerciais. Entre janeiro e setembro foram 1.270 registros, 27 desses com lesões. Os furtos e arrombamentos também tiveram 863 casos. Segundo o comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), tenente-coronel Mario Yukio Ikeda, o Centro é o local mais afetado. “Essa região sempre foi a com maior registro pela quantidade de comércio. Estamos buscando estratégias para atender de maneira mais efetiva a população”, informou.

Operações da Força Tática estão trazendo resultados positivos na Capital, com o trabalho conjunto de diversas guarnições. “Temos o objetivo de aumentar a sensação de segurança, com operações de visibilidade em diversas áreas. As ações estão resultando em aumento de prisões e apreensões”, afirma Ikeda.

O presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Vilson Noer, diz que ficar em casa só dará mais espaço para a violência. “As pessoas têm percepção de insegurança, mas não está tão ruim quanto parece. A Brigada está atuando e ao reduzir o movimento fica mais fácil para o criminoso”, avalia. A associação acredita que o estado tem 19 cidades em situação mais crítica. Entre elas, Porto Alegre, Rio Grande, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Gravataí e Alvorada.

Na pesquisa do Sindilojas, no Centro da Capital, 84% consideram que falta segurança. Por esse motivo, o gasto médio mensal dos estabelecimentos com segurança privada é de R$ 1.460,00, chegando a R$ 30 mil em redes de lojas. “É uma realidade que não é boa para ninguém”, ressalta Kruse.

Em 10 anos, 15 assaltos

Nem mesmo o movimento de uma via como a Terceira Perimetral de Porto Alegre inibe a atuação de assaltantes no bairro Glória, na zona Sul. Um mercado já foi assaltado 15 vezes em dez anos de existência, três somente este ano. Neste período, o proprietário Ivo Kovalski já alterou algumas de suas práticas como atender com a porta fechada das 6h às 7h30min e ao anoitecer, além de fechar uma hora mais cedo do que nos anos iniciais de atuação. “Trabalhamos com medo. Já pensei algumas vezes em fechar, mas dependo disso”, explica.

Desde que abriu o negócio, após uma tentativa de arrombamento instalou um alarme, o que reduziu esses casos. Além disso, colocou uma grade e nos horários em que considera mais perigoso, só abre para os moradores já conhecidos do bairro. “Já pensei em colocar câmera, mas acho que não resolve o problema, pois não há estrutura para prender os assaltantes. Quando fui assaltado em agosto, os policiais vieram registrar a ocorrência de ônibus”, conta.

Porém, para ele, a insegurança não reduz o movimento no mercado. “Os clientes já sabem, então entram e pegam as coisas rápido. Esse problema atinge mais os pequenos negócios, pois sempre que possível as pessoas optam por ir em um estabelecimento maior por se sentirem mais seguras. Eu mesmo faço isso em lotéricas, por exemplo”, diz Kovalski.

Tecnologia ajuda empresários


Trabalhar de portas fechadas e usar a tecnologia para o monitoramento tem dado certo para alguns empresários. As câmeras instaladas em uma farmácia no bairro Glória são consultadas diversas vezes ao dia no smartphone do gerente Reginaldo Aneron. O celular dele toca quando o alarme dispara. Para instalar os equipamentos, a empresa investiu R$ 2,5 mil e paga mensalmente R$ 200,00 pelo serviço. “É ainda mais barato do que manter um profissional de segurança física”, acredita.

No bairro Menino Deus, câmeras e controle de entrada de clientes fazem com que a pet shop de Maciel Gueno nunca tenha sido assaltada, em 12 anos de funcionamento. Ao ingressar, o cliente fica entre uma porta de vidro e uma grade, que é liberada pela funcionária da recepção. Além disso, o prédio da loja tem porteiro. “Isso inibe a ação, pois eles não querem dificuldade”, acredita Gueno.

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