Comércio internacional é tema de evento com embaixadores em Porto Alegre
Representantes da China, Estados Unidos, Israel, Argentina, Uruguai, Paraguai e Alemanha apresentaram alternativas para aprofundar o comércio com o Brasil
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Os impactos causados na economia mundial por conta da pandemia do novo coronavírus e a guerra na Ucrânia e os desafios impostos pelas novas relações comerciais foram temas do Encontro de Embaixadores nesta quinta-feira, em Porto Alegre, na Federasul. Com foco na inovação, representantes da China, Estados Unidos, Israel, Argentina, Uruguai, Paraguai e Alemanha apresentaram alternativas para aprofundar o comércio com o Brasil - especialmente com o Rio Grande do Sul - em meio às mudanças climáticas.
Os reflexos do conflito na Europa, que mexeu com a estrutura global de commodities - principalmente as agrícolas -, são apontados por embaixadores e cônsules como os maiores desafios das nações para os próximos anos. Para superar a crise energética e alimentar, os dirigentes sugerem ampliar investimentos em inovação e reforçar a cooperação econômica entre os países. Ao abordar o tema "Inovação como base para o desenvolvimento", o embaixador do Estado de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, lembrou das dificuldades históricas enfrentadas pelo país.
Conforme Zonshine, Israel Israel é um país pequeno e árido, além de enfrentar problemas de instabilidade no Oriente Médio, como guerras e terrorismo, além de contar com recursos naturais limitados que dificultavam inclusive o fornecimento de água. Diante desse quadro, 30 anos atrás o país decidiu investir pesado em pesquisa e desenvolvimento, destinando 5,4% do PIB para esses setores. "Israel passou por uma crise hídrica. E o governo decidiu que a água seria prioridade nacional", explicou. Foram construídos plantas de dessalinização e de tratamento de água para reuso, além de ações de conscientização junto à sociedade.
Atualmente, Israel tem 9,3 milhões de habitantes e é referência em sustentabilidade e energia renovável, além de líder em fornecer energia limpa ao planeta. O país é conhecido como Vale do Silício do Oriente Médio, por conta dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e é considerado "nação das start ups" com foco no mercado internacional. "São 1,4 mil start ups criadas em média por ano", revelou, ressaltando que a renda per capita é de 50 mil dólares. Para superar os desafios econômicos, ele afirmou que houve integração entre governo, iniciativa privada e universidades, no que classificou como ecossistema de inovação.
Para a ministra-conselheira da Embaixada da República Popular da China no Brasil, Shao Yingjun, a pandemia afetou o comércio mundial. Mesmo assim, conforme Shaon, o comércio bilateral entre China e Brasil bateu recordes consecutivos nos últimos três anos, alcançando US$ 135 bilhões. "Houve aumento de 32% em relação ao ano anterior. Nos primeiros cinco meses do ano o comércio bilateral continua crescendo de forma elevada", afirmou, reforçando a importância da produção agrícola brasileira. "A china não fechará a porta de abertura, ela se abrirá de forma mais ampla", acrescentou.
Ela reforçou que cerca de 300 empresas chinesas investiram no Brasil em setores como energia, agricultura e comunicação, com mais de US$ 80 bilhões investidos. "As relações entre China e Brasil têm futuro promissor", reforçou. O cônsul-geral dos Estados Unidos no Rio Grande do Sul, Shane Christensen, destacou a importância da inovação para impulsionar o crescimento econômico entre os países. Ao ressaltar o "ambiente próspero para o empreendedorismo, Christensen sustentou que a cooperação comercial é fundamental.
"Queremos reforçar os nossos negócios", salientou, observando que o Estado é o segundo destino das exportações e o principal destino de bens de valor agregado. Christensen afirmou que o comércio bilateral entre Brasil e EUA está crescendo e registrou US$ 70,5 bilhões no ano passado. "No primeiro trimestre, houve aumento de 40% em relação ao mesmo período de 2021", completou. O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin destacou que o RS é segundo maior exportador de carne suína do Brasil para a China.
E fez um apelo para que a China reconheça o Estado como livre de febre aftosa sem classificação. "Isso possibilitaria duplicarmos as exportações do Rio Grande do Sul e do Paraná para a China, também podendo vender carne com osso, podendo vender miúdos direto pra China, o que facilitaria muito mais a relação do Estado em carne suína com a China. A China já é o maior importador do Rio Grande do Sul de carne suína. São 45 mil toneladas de carne suína", ressaltou.
Ao destacar que o evento voltou a ser realizado após 16 anos, o presidente Federasul, Anderson Trautman Cardoso, afirmou que é importante buscar alternativas em meio às mudanças econômicas e do comércio internacional. "Enfrentamos a maior pandemia dos últimos cem anos. E o que podemos fazer agora é buscar compreender a nova conjuntura e nos posicionar diante dos novos cenários e novos desafios que uma realidade completamente em mutação nos impõe", observou.