Com decisão do STF, Marchezan anuncia extinção do Instituto de Saúde da Família

Com decisão do STF, Marchezan anuncia extinção do Instituto de Saúde da Família

Serão demitidos mais de 1,8 mil funcionários do Imesf

Cláudio Isaías

Prefeito Nelson Marchezan Júnior anunciou durante entrevista coletiva no Paço Municipal a extinção do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf)

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Após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o prefeito Nelson Marchezan Júnior anunciou nesta terça durante entrevista coletiva no Paço Municipal a extinção do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf). Com a decisão, mais de 1.800 trabalhadores serão demitidos.

A medida ocorreu após decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ/RS) , reafirmada pelo STF, de que a lei que criou o Instituto em 2011 é inconstitucional. "Essa ação foi considerada improcedente pelo TJ/RS e a prefeitura recorreu ao longo de anos, mas no dia 12 de setembro, quinta-feira passada, tivemos a decisão definitiva e irrecorrível e que torna isso um fato. O Instituto está extinto e os contratos com os funcionários terão que ser cancelados”, ressaltou Nelson Marchezan Júnior.

A partir de agora, todos os trabalhadores deverão cumprir aviso prévio entre 30 e 60 dias com pagamentos de forma escalonada o que, segundo o chefe do Executivo, vai facilitar o fluxo de caixa do município. O custo para as rescisões é de cerca de R$ 60 milhões. Das 140 unidades de saúde, 77 eram atendidas por funcionários do instituto.

Atualmente, o custo para manutenção de estrutura e pessoal do Imesf é de R$ 10 milhões por mês. Um dos reflexos do anúncio feito pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior foi o fechamento parcial do setor de cadastro do Centro de Saúde Modelo, na avenida Jerônimo de Ornelas, no bairro Santana.

O local é composto exclusivamente por funcionários do Imesf. Logo após o anúncio do prefeito, o Sindisaúde/RS convocou os trabalhadores demitidos para protestar contra o anúncio na frente do Paço Municipal. O vice-presidente do Sindisaude/RS, Júlio Appel, disse que pagar os direitos trabalhistas dos mais de 1.800 demitidos do Imesf é obrigação de Nelson Marchezan Júnior.

Conforme Appel, desde o começo do governo a proposta do Executivo sempre foi de privatizar a atenção primária da saúde. "É fundamental que seja aberto concurso público para a contratação de servidores municipais e que não seja colocado nos postos de saúde uma estrutura de serviços terceirizados", destacou.

O diretor do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Alberto Terres, afirmou que o resultado dessa decisão do STF é uma luta iniciada em 2010 pela categoria. "Quando o prefeito da época resolveu solucionar o problema da falta de médicos na Capital, ele optou por criar o Imesf para atender a atenção primária no município".

Ele lembrou que o sindicato, o Conselho Municipal de Saúde e diversas entidades ingressaram com uma ação de inconstitucionalidade na Justiça. "O Imesf nunca deu conta da contratação dos funcionários para a cobertura da atenção primária na cidade. Hoje, o problema continua, ou seja, faltam médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem em Porto Alegre. O Imesf não resolveu o problema da falta de profissionais para atender a população", destacou.

Antes da apresentação do plano para ampliar e qualificar os serviços de saúde na Capital, Nelson Marchezan Júnior garantiu que a população não será prejudicada e disse que o executivo municipal já vinha trabalhando com essa possibilidade.

“Como nós já sabíamos que havia esta ação e a chance de derrota do município era grande, durante esse período desde que nós assumimos, conversamos muito e elaboramos alternativas. Hoje eu posso dizer e garantir e tranquilizar a população que teremos um, dois e três meses de reorganização do processo e neste período os profissionais do Instituto continuarão trabalhando pois é o período de rescisões contratual”, comentou.

O prefeito afirmou que provavelmente muitas das pessoas que serão contratadas emergencialmente serão oriundas do Imesf. "Depois, teremos um edital que fará uma contratação definitiva para a prestação do serviço de atenção básica em Porto Alegre”, garantiu.

 

Em decisão anunciada no dia 12 de setembro, o STF considerou o Imesf inconstitucional. A relatora, a ministra Rosa Weber, foi acompanhada pelos ministros Alexandre de Moraes, Roberto Barroso e Luiz Fux no voto. O único parecer contrário foi do ministro Marco Aurélio.

Pela decisão, a lei que criou o instituto deixa de existir e todas as relações jurídicas se tornam irregulares. A partir disso, há a necessidade de desligamento dos funcionários, baixa do CNPJ e garantia da continuidade dos serviços. A ação para extinguir o iniciou iniciou em 2011 e foi julgada em 2013.

Recursos tramitaram no STF em 2014 e outros foram negados em março deste ano até o julgamento da Primeira Turma do Supremo. Os autores da ação foram 17 entidades entre sindicatos e associações, como o Simpa, Associação dos Servidores da Secretaria Municipal da Saúde (Assms), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul.


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