Com falta de IFA, Brasil tem apenas 23% dos grupos prioritários imunizados

Com falta de IFA, Brasil tem apenas 23% dos grupos prioritários imunizados

Em ritmo lento de vacinação, Brasil patina para cumprir meta de aplicar as duas doses nestes 78 milhões de brasileiros até setembro

R7

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Sofrendo com a falta do insumos para vacinas, o Brasil tem 23,2% dos grupos prioritários totalmente imunizados contra a Covid-19 quatro meses desde o início da campanha nacional. Dos 78.284.044 brasileiros neste grupo, pouco mais de 18 milhões receberam as duas doses da vacina, segundo dados do ministério da Saúde coletados até esta sexta-feira. Entre estes grupos, os trabalhadores da saúde estão entre os que mais foram imunizados, totalizando pouco mais de quatro milhões com a segunda dose já aplicada.

Em seguida, vêm os brasileiros com idades de 70 a a 74 anos (3.787.761) e 65 a 69 anos (2.884.279) entre os três grupos mais imunizados. Não só pela idade, os grupos prioritários também são definidos de acordo com fatores de saúde (comorbidades, por exemplo), profissões consideradas essenciais (professores das redes básicas de educação) ou outras ocupações que se exponham mais ao contato diário com outras pessoas.

A imunização completa deste grupo, que poderia diminuir sensivelmente os altos números de mortes registrados no Brasil desde março, só deve ser completa em setembro, segundo previsões do próprio ministério da Saúde. A meta foi adiada em virtude das promessas do ministro anterior, Eduardo Pazuello, de pelo menos vacinar com a primeira dose todo este grupo até maio, o que não alcançado.

Mesmo a nova previsão pode ainda não ser cumprida, comenta a epidemiologista Carla Domingues, que foi coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunização) por mais de dez anos. "Tanto a Astrazeneca têm 90 dias de intervalo entre a primeira e segunda dose. Com uma dose acredito que é possível. Agora, com duas doses, não. Não há tempo hábil para isso", diz.

Além disso, mais de 5 milhões destas pessoas vacinadas no Brasil estão com a dose atrasada, seja pela falta de vacinas ou por motivos pessoais, que incluem desistência ou esquecimento. O número mais do que triplicou desde abril. 

Próximos meses

O número baixo de pessoas totalmente imunizadas é resultado do ritmo de vacinação no Brasil, que atingiu poucas vezes nestes meses outra meta do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de aplicar 1 milhão de doses por dia.  Na semana passada, a produção chegou a ser paralisada pela falta de insumos nos dois laboratórios fabricantes da vacina: a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e o Instituto Butantan. O primeiro deve receber novos lotes já neste sábado (22), enquanto o fabricante da Coronavac recebe no dia 25. 

Além da falta de insumos, a imunização contra a Covid-19 caminha a passos lentos também pela baixa oferta de vacinas no país. São quatro aprovadas para uso emergencial ou permanente: Coronavac, Aztrazeneca/Oxford, Pfizer, Janssen. No caso das duas últimas ou as entregas começaram há pouco tempo, em quantidades pequenas (Pfizer), ou ainda nem começaram (Janssen). 

"Não dá para a gente fazer essa previsão pelo que a gente está vendo: primeiro trimestre a Biomanguinhos teve atraso, agora neste segundo trimestre quem está com atraso é o Butantan e a Pfizer ainda está entregando muito pouco. A gente vai poder mais até vacinar mais do que um milhão por dia quanto tivemos regularidade nas entregas", opina Cláudia Domingues.


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