Com metade da rede aberta, ocupação de hotéis não passa dos 20% em Porto Alegre

Com metade da rede aberta, ocupação de hotéis não passa dos 20% em Porto Alegre

Setor do turismo é um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19

Gabriel Guedes

O proprietário do Garibaldi Business, hotel de 32 apartamentos situado na Rua Garibaldi, no bairro Floresta, Moisés Abensur, diz que “é um pecado o que está acontecendo”

publicidade

A pandemia da Covid-19 atingiu em cheio a indústria do turismo. Em Porto Alegre, eventos como futebol, shows internacionais, congressos e feiras, como a Expointer - em Esteio -, movimentavam a cidade e chegavam a lotar a rede hoteleira em alguns períodos do ano. E em 2020, quando começou, se esperava que fosse assim. Mas a imprevisível pandemia frustrou os planos e tem deixado o setor às escuras quanto às perspectivas de retomada plena da atividade.

Porto Alegre tem cerca de 16 mil leitos e 8 mil apartamentos, distribuídos em 100 hotéis. No começo da pandemia, em março, praticamente todos chegaram a ficar fechados. Na tentativa de amenizar os prejuízos, metade destes estabelecimentos reabriram, mas conforme determina os protocolos impostos pelo município, com 50% da capacidade. Entretanto, os hóspedes não têm vindo e o setor reclama da taxa de ocupação, que não passou dos 20% nas últimas semanas.

O proprietário do Garibaldi Business, hotel de 32 apartamentos situado na Rua Garibaldi, no bairro Floresta, Moisés Abensur, diz que “é um pecado o que está acontecendo”. A crise, inimaginável, segundo o empresário que atua no ramo desde 1971, o fez fechar o estabelecimento desde o dia 19 de março. Os 14 funcionários foram demitidos. Apenas dois permaneceram e estão morando no hotel, com a missão de fazer a manutenção mínima e segurança do prédio. “Eu preciso de uma ocupação de 60% para pagar apenas a operação e não o investimento. Mas acredito que só vamos operar com rentabilidade em março do ano que vem”, projeta.

Antes da pandemia, o local tinha uma ocupação de cerca de 85%. Agora é uma obra, para adequação ao Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI), que toma conta do local. “Aproveitamos esta parada para fazer isso. Mas 2020 é um ano perdido, sem renda, sem ganhos”. Abensur pretende reabrir o hotel neste segundo semestre, apesar do cenário que promete ser ainda difícil.

O presidente do Sindicato de Hotéis de Porto Alegre (SHPOA), Carlos Henrique Schmidt, diz que há uma tendência de reabertura mais ampla após setembro, depois do inverno, por causa da redução da incidência de doenças desta época. “O problema todo seguinte: estão coordenando estas bandeiras por causa de leitos de UTIs. Mas estão olhando as UTIs ocupadas, e muitas delas não são a maioria por Covid”, critica Schmidt.

Apenas um hotel, no Centro, pode não reabrir mais, mas o presidente da entidade não soube informar qual. Mas quem seguir, vai ter as exigências como desafio. “Quem fica aberto, está fazendo investimento em higienização, sinalização e em EPIs para colaboradores. Mas será difícil, por causa da baixa ocupação e operação mais cara”, alerta.

Entretanto, a situação atual do turismo é um círculo vicioso. As razões para as pessoas viajarem - tanto por lazer quanto por negócios - precisam serem restabelecidas, para que hotéis recebam hóspedes e a aviação retome o fluxo anterior à pandemia. Mas sem motivos para viagem, não há também demanda pela aviação, o que segundo Schmidt, agrava a situação de Porto Alegre. “Dependemos muito do aeroporto e 70% dos clientes chegavam de avião. Uma solução definitiva para tudo, mesmo, só com a vacina", espera.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895