Começa a aplicação de Coronavac em crianças de seis a 11 anos em Porto Alegre

Começa a aplicação de Coronavac em crianças de seis a 11 anos em Porto Alegre

Imunização inclui crianças com deficiências e comorbidades

Taís Teixeira

Havia um grande movimento de crianças e seus responsáveis na unidade de saúde Moab Caldas

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A Coronavac começou a ser aplicada hoje em Porto Alegre em crianças entre 6 e 11 anos, incluindo aquelas com deficiências e comorbidades. O imunizante não está aprovado para administração em crianças imunossuprimidas e abaixo de seis anos completos.

Dessa forma, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) oferece ao público infantil duas vacinas contra Covid-19 aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): Pfizer e Coronavac. A Pfizer é aplicada em crianças de cinco a 11 anos, com deficiência permanente, comorbidades, autistas e imunossuprimidas.

A vacina Coronavac teve solicitação de aprovação pelo Instituto Butantan. A intenção do fabricante era que a Anvisa aprovasse o uso emergencial na faixa etária dos três aos 17 anos. No entanto, a agência aprovou a imunização dos seis aos 17 anos, com base em estudos realizados em países como o Chile e a China, entre outros.

Há a perspectiva de aprovação de uso da Coronavac também para crianças de três a cinco anos, assim que sejam disponibilizados novos dados que demonstrem a segurança e a eficácia da mesma forma como ocorreu na avaliação para o público de seis a 17 anos. A Coronavac aplicada em crianças é a mesma utilizada para adolescentes ou adultos. De acordo com estudos aprovados pela Anvisa, a eficácia é de até 95%.

A diretora em exercício da Diretoria de Vigilância em Saúde, Fernanda Fernandes, explica que o esquema vacinal previsto é o mesmo da vacina da Pfizer: duas doses. “O que difere entre elas é o intervalo entre as doses. A Pfizer tem intervalo de oito semanas, enquanto a Coronavac, 28 dias ou quatro semanas entre a primeira e a segunda doses”, afirma.

Na unidade de saúde Moab Caldas, no bairro Santa Tereza, havia um grande movimento de crianças e seus responsáveis pela manhã. A coordenadora da Coordenação Regional das Unidades de Saúde dos distritos Centro, Glória, Tristeza e Cristal, Deise Rocha Réus, disse que ontem foi o dia com mais procura desde quando começou, no dia 19. “Na terça-feira, aplicamos mais de 300 doses, número que deve ser superado na quarta-feira”, comentou.

O local disponibiliza o imunizante Pfizer. Hoje, o dia começou com 1520 doses e até o meio-dia cerca de 120 tinham sido aplicadas. Até a manhã desta quarta-feira, três crianças tiveram leves reações. “Uma leve náusea, mas como eram crianças que estavam com medo da vacina, acreditamos que possa ser nervosismo, ansiedade", comentou a enfermeira da unidade, Juliana Dorigatti.

A professora Letícia Garcia Andrade levou a filha Antônia Garcia Ferreira, de 11 anos, para se imunizar. “Tivemos Covid no começo da pandemia em 2020 e estávamos esperando a vez dela se vacinar”, relatou. Na hora da aplicação, Antônia olhou para o lado, de olhos fechados. Mas a expectativa de dor não se concretizou. “Não doeu”, afirmou.

Um corredor de balões coloridos esperava as crianças na Unidade de Saúde Vila Cruzeiro, no bairro Cristal. A enfermeira da unidade, Luciane Giacomelli, disse que em dois anos de pandemia, é a primeira vez que o local vai aplicar a vacinação contra a Covid-19. “Estamos estreando com o público infantil”, disse.

Com 600 doses de Coronavac recebidas para começar o primeiro dia, por volta das 11h, 31 crianças haviam sido imunizadas. “Está tudo ocorrendo bem, as crianças estão empolgadas”, contou. Após a vacinação, a criança, acompanhada do responsável, deve permanecer por 20 minutos no local para verificar possíveis reações.

O confeiteiro Glauco Oltramari Ghem levou a filha Alice Sodré Ghem, de 9 anos, para se vacinar. “Estou mais aliviado, só faltava ela se vacinar na família”, disse. Com a carteira de vacinação em mãos, Alice disse que não sentiu medo e nem dor.

Alice e Simba ganham o certificado de coragem

Sara de Fátima, de 8 anos, levou seu amigo Simba, um leão de pelúcia que ela tem desde que tinha 1 ano, para dar força na hora da vacina. Junto com Simba, a menina também tinha em mãos o êmbolo de uma agulha, sinalizando que o amigo de pelúcia não foi somente a passeio. “Nós dois viemos nos vacinar”, enfatizou.

Para o avô, o engenheiro mecânico Roberto Silva, levar a neta para se proteger contra a Covid tem um sentimento de alívio e de vitória. “Tivemos divergências dentro da família que não apoiava a vacinação dela, mas felizmente estamos aqui”, comentou. Na hora da vacina, pose para o celular do avô, que fotografou esse momento para guardar na memória. “Não senti dor”, falou a criança. 

A bravura de Sara e de Simba foi reconhecida pelo certificado de coragem, uma forma de tentar diminuir a sensação de medo da dor pela vacina. O documento foi emitido para os dois. Sara saiu imunizada e certificada. “Estou feliz”, salientou.


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