Comissão da Verdade revela que mais de 7 mil militares foram perseguidos pela ditadura

Comissão da Verdade revela que mais de 7 mil militares foram perseguidos pela ditadura

Dado foi divulgado durante depoimentos no Palácio Piratini, em Porto Alegre

Rádio Guaíba

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Por Samantha Klein

Em meio à tomada de depoimentos de 11 militares reformados gaúchos na tarde desta segunda-feira, no Palácio Piratini, as Comissões Nacional e Estadual da Verdade coletaram mais dados sobre a perseguição e repressão contra militares durante o regime ditatorial. As informações serão compiladas até o fim do mês para que a Comissão Nacional finalize os trabalhos até 12 de dezembro. O total de militares das Forças Armadas torturados, presos e exilados ainda está sendo revisto, mas já foram confirmadas sete mil vítimas. Porém, o número deve aumentar. No Rio Grande do Sul, há centenas de soldados e capitães reformados que sofreram o totalitarismo da ditadura.

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Apesar de não haver garantia de responsabilização, o coordenador estadual da Comissão da Verdade, Carlos Guazelli, estima que a Justiça reveja a decisão que mantém a Lei da Anistia. Ele lembrou que ativistas e militares contrários ao regime foram duplamente responsabilizados com processos criminais e torturas, enquanto os torturadores foram, no máximo, responsabilizados no âmbito civil. “Mais cedo ou mais tarde, o Supremo Tribunal Federal vai precisar rever a decisão de 2009. O coronel Brilhante Ulstra ou o terrível major Tibiriçá estão condenados somente civilmente. O futuro dos netos deles é que está condenado”, sustenta.

Um dos depoentes foi o ex-vereador pelo PTB em Porto Alegre José Wilson da Silva. Assim que a ditadura foi estabelecida, em 1964, o capitão do Exército perdeu os direitos políticos e se exilou no Uruguai. Segundo o militar reformado, todos os colegas perseguidos tiveram participação no Movimento da Legalidade, em 1961.

A coordenadora nacional da Comissão da Verdade, Rosa Cardoso, pretende ainda convocar a depor empresários que contribuíram para o golpe militar antes da conclusão do relatório, em dezembro. Com o fim das investigações, o trabalho deve continuar, ou através da formação de uma futura Secretaria ou do incentivo para estudos acadêmicos sobre a repressão durante a ditadura.

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