Conceição e secretaria de Saúde divergem sobre superlotação
Pais de pacientes ameaçaram funcionários da instituição por demora no atendimento
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Conforme o gerente de internação do Hospital da Criança Conceição, médico Lauro Hagmann, a superlotação na instituição é causada pela deficiência no atendimento nos postos de saúde. Ele afirma que em mais de 95% dos casos, a população poderia procurar as unidades básicas e não um hospital. "Essas pessoas deveriam estar em postos de saúde, mas por vários motivos não encontram solução dos seus problemas nesses locais e procuram os que já estão saturados e fazem atendimento mais especializado", diz.
Hagmann ressalta que a clientela do Conceição agrega moradores da região Metropolitana, como Viamão, Alvorada, Gravataí e Cachoeirinha, e também do Interior do Estado. "Os pais de crianças que não são atendidas em outros locais procuram aqui na expectativa de serem atendidas, mas é impossível ter a celeridade que essas pessoas imaginam", fala.
O Conceição realiza uma triagem para classificação de risco. Os casos graves são identificados e recebem atendimento prioritário. O gerente explica que os demais precisam aguardar, já que a demanda é muito superior ao número de profissionais disponíveis. "O responsável por crianças que vem ao hospital não tem a obrigação de saber se aquilo é de gravidade alta, média ou baixa, mas ele tem que confiar no profissional que faz a classificação. O paciente de baixo risco até pode aguardar, mas os que têm maior gravidade são atendidos na frente, o que gera atrasos", conclui.
"Quando houve esse tumulto, estavam chegando crianças com parada cardiorespiratória. Vamos deixar de atender essas crianças para atender consultas de baixo risco? Óbvio que não. As pessoas têm que entender isso e, ou ir ao posto de saúde, ou esperar o tempo necessário", afirma Hagmann.
A direção do Grupo Conceição aguarda a aprovação no Ministério do Planejamento para criação de 384 novas vagas, o que irá qualificar e ampliar o atendimento nas emergências, conforme o gerente do Hospital da Criança.
Já o secretário municipal de Saúde de Porto Alegre, Marcelo Bósio, rebate a opinião de Hagmann sobre as deficiências no atendimento primário. Ele afirma que os postos de saúde atendem normalmente e que não é possível jogar a responsabilidade a outros para um problema interno do Hospital Conceição. "Temos a nossa responsabilidade e vamos apurar isso, mas estamos em um período de mudanças climáticas, o que cria uma demanda maior nas emergências, principalmente pediátricas", fala.
Bósio salienta que o aumento na procura ocorre nesse período tanto nas emergências quanto nas unidades básicas. "Não se pode dizer que a atenção primária não funciona por uma sobrecarga nas emergências", diz.
Na zona Norte da Capital não há nenhum posto 24 horas. A primeira Unidade de Pronto Atendimento da cidade será instalada na avenida Assis Brasil e vai ser inaugurada em agosto.
Uma parceria da prefeitura com os governos estadual e federal possibilitará a abertura de 354 novos leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até o final do ano, além de qualificar outros 248 já existentes. Os investimentos serão de R$ 18,6 milhões e a implantação começa já começou. Com recursos do Ministério da Saúde, as vagas, que antes eram ocupadas por convênios privados, serão disponibilizadas em cinco hospitais: Parque Belém, Santa Casa, São Lucas, Beneficência Portuguesa e Vila Nova. A previsão da prefeitura é criar mais 1.077 vagas hospitalares até o final de 2013.