Conselho define aumento na passagem de ônibus de Porto Alegre

Na reunião do Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu), ocorrida no auditório da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), nesta sexta-feira a tarifa foi reajustada para R$ 4,30, o que representa um incremento de 6,17%, caso seja retomada a cobrança de 50% da segunda passagem. Do contrário, a tarifa fica em R$ 4,50. Até ontem, a tarifa vigente era R$ 4,05, com gratuidade na segunda passagem, desde que a viagem ocorresse em um intervalo de 30 minutos entre a primeira e a segunda. A decisão do Comtu agora será avaliada pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior, que poderá sancioná-la ou não. A EPTC não informou quando a nova tarifa entra em vigor. No entanto, conselheiros da oposição já acionaram a Justiça questionando o novo valor.

No total, 19 representantes de entidades e sindicatos estavam aptos ao voto na reunião do Comtu. No entanto, duas pessoas não compareceram. Nas duas votações, houve 13 votos favoráveis e quatro contrários ao parecer apresentado pela EPTC, que justificava o aumento da tarifa. Durante a sessão, o engenheiro de Transportes Márcio Saueressig argumentou que apenas 13% dos passageiros se beneficiam da segunda passagem gratuita. Com a cobrança de 50%, ele estima que o percentual de beneficiados fiquem em 7%. A medida, conforme ele, representaria um incremento de R$ 717.883,00 nas receitas das empresas.

Ao término da primeira votação, o presidente do Comtu abriu o espaço para justificativa dos votos. Foi então que a estudante Vitória Cabreira, de 16 anos, que representava a Umespa, protestou. Emocionada, a jovem ressaltou que a qualidade do serviço prestado não corresponde ao valor praticado. "Quem aprova o aumento da passagem tem uma falta de responsabilidade com o povo e com o estudante”, argumentou. A afirmação irritou o conselheiro do Stetpoa, Emerson Dutra, interrompeu a fala da estudante e afirmou que ela “queria palco”. “Eu não quero palco. Eu quero que o transporte público seja acessível”, contratacou Vitória. Dutra, por sua vez, afirmou que a Umespa desconsiderava, em sua defesa, o reajuste dos combustíveis e o dissídio dos rodoviários.



Depois de quase duas horas de reunião, os conselheiros se retiraram do auditório. Foi neste momento que, segundo Vitória, um outro representante da Umespa, identificado como Vinicius Alversa, chamou Dutra de "covarde". A ofensa foi o suficiente para o início da troca de socos entre os dois. Na sequência, outros conselheiros e representantes de entidades tentaram apartar a briga, sem êxito. Na confusão, o óculos de Vinicius quebrou. Foi então que policiais militares, que guarneciam a área externa em razão de protestos, ingressaram no prédio e conseguiram conter os ânimos. Pelo menos três pessoas ficaram feridas. Dutra deixou o local sob escolta policial. Durante a briga, Dutra e Vinicius trocaram agressões e chegaram a rolar no chão.

Ao término da reunião que durou pouco mais de duas horas e aprovou o reajuste da passagem de ônibus em Porto Alegre, a Brigada Militar precisou intervir para acabar com uma briga envolvendo membros do Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu). A confusão envolveu um representante do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Porto Alegre (Stepoa) e dois jovens vinculados à União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (Umespa). As trocas de socos e empurrões encerraram um encontro tenso. O presidente do Comtu, Jaires da Silva Maciel, ressaltou que discussões sempre acontecem em situações de avaliação do reajuste de tarifas. No entanto, admitiu que em 15 anos foi a primeira vez que houve agressões físicas. "É lamentável", disse.



Protestos desde cedo

Antes da reunião, no começo da manhã, dezenas de estudantes se reuniram em frente à Escola Técnica Parobé, na região Central da cidade, para protestar contra o aumento da passagem.

Na manifestação, que contou com carro de som, o grupo cantou "o meio-passe é meu direito, se mexer nele derrubamos o prefeito". Os estudantes ainda saíram em caminhada pelo Centro de Porto Alegre e passaram pelas principais avenidas e ruas da região, como Loureiro da Silva e Engenheiro Luiz Englert. Em seguida, passaram pelo túnel da Conceição e minutos depois chegaram ao Paço Municipal. 

A exemplo do que ocorreu em anos anteriores, integrantes do PSol já se mobilizaram para ingressar com uma ação contra o aumento a partir da confirmação de Marchezan.

Apesar do protesto, a votação se restringiu ao aumento de tarifa. Os Projetos de Lei (PLs) enviados pelo prefeito ainda no ano passado à Câmara de Vereadores não entraram no debate do Comtu. “Está suspensa a discussão por serem considerados inócuos nessa fase dos acontecimentos”, disse o presidente. Questões como o fim da para idosos entre 60 e 64 anos e para alguns estudantes, além da retirada de cobradores entre as 22h e 4h e em dias espefícicos devem ser apreciadas nas próximas reuniões do Conselho.

Representantes dos Rodoviários e da Umespa (estudantes) discutem durante reunião do Comtu @RdGuaibaOficial #LigaNaGuaiba pic.twitter.com/vRGHgjOjCP — Guilherme Kepler (@GuilhermeKepler) March 9, 2018