Prefeito de Itajaí defende ozônio via retal contra Covid-19

Prefeito de Itajaí defende ozônio via retal contra Covid-19

Não há comprovação de que ozonioterapia seja eficaz no tratamento da infecção pelo coronavírus e nem mesmo de outras doenças

R7

Prefeito defende também uso de cânfora contra Covid

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O prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni (MDB), causou polêmica na internet após aparecer em um vídeo afirmando que vai oferecer aos habitantes do município que tiverem Covid-19 tratamento com ozônio via retal.

"Casos positivos, somente os casos positivos que têm alguma sintomatologia. Para esses casos, além da ivermectina, além da azitromicina, além de tudo mais, além da cânfora, nós também vamos oferecer o ozônio. É uma aplicação simples, rápida, de dois, três minutinhos por dia. Provavelmente, vai ser uma aplicação via retal. É uma aplicação tranquilíssima, rapidíssima, de dois minutos, em um cateter fininho. Isso dá um resultado excelente", disse.

Ele deu a entender que a prefeitura participará de estudos clínicos com esse tipo de tratamento ao citar que há um processo de inscrição na Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).

Ocorre que estudos clínicos são feitos com grupos selecionados de pessoas e não da maneira como o administrador disse, que será oferecida a ozonioterapia à toda a população.

"Então, ivermectina, cânfora, ozônio e tudo mais que nós formos descobrindo e sabendo que pode ajudar, nós vamos colocar à disposição da nossa população."

Morastoni, que é médico, já havia ficado conhecido nacionalmente ao anunciar distribuição gratuita do antiparasitário ivermectina como política de saúde pública no combate à Covid-19.

O medicamento, no entanto, não tem qualquer comprovação de eficácia contra a doença. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) chegou a emitir nota desaconselhando o uso da ivermectina.

Ozonioterapia

A ozonioterapia é um assunto controverso entre os médicos. Mesmo assim, em 2018, foi autorizada pelo Ministério da Saúde dentro da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, juntamente com aromaterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, terapia de florais, entre outras, por meio de portaria assinada pelo então ministro Ricardo Barros. 

Segundo o ministério, a ozonioterapia "representa um estimulo que contribui para a melhora de diversas doenças, uma vez que pode ajudar a recuperar de forma natural a capacidade funcional do organismo humano e animal".

O Conselho Federal de Medicina (CFM), por sua vez, faz críticas em relação ao uso amplo da ozonioterapia. Em dezembro de 2017, 55 entidades médicas assinaram um manifesto contrário à difusão indiscriminada desse tipo de tratamento para qualquer doença.

"Não há na história da medicina registro de droga ou procedimento contra um número tão amplo de doenças, que incluem, entre outros: todos os tipos de diarreia; artrites; hepatites; hérnias de disco; doenças de origem infecciosa, inflamatória e isquêmica; autismo; e sequelas de câncer e de acidente vascular cerebral (AVC)", diziam.


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