Corrida por vacina contra H1N1 provoca filas pelo Brasil

Corrida por vacina contra H1N1 provoca filas pelo Brasil

Clínicas já contam com listas de espera para vacinação

AE

Corrida por vacina contra H1N1 provoca filas pelo Brasil

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A procura pela vacina contra a gripe H1N1 tem provocado filas em clínicas particulares em todas as regiões do Brasil, mesmo em Estados sem registros de mortes em decorrência da doença. Do Recife a Santa Catarina, faltam imunizantes para atender à demanda e estabelecimentos passaram a agendar o atendimento para evitar a espera na porta.

Com 71 mortes confirmadas pelo País até sexta-feira, o Ministério da Saúde deixou a cargo dos Estados a antecipação da campanha de vacinação, prevista para começar no dia 30. Estados com mais mortes até agora, São Paulo e Santa Catarina começaram a imunizar profissionais de saúde na semana passada. Nesta segunda-feira, começa a vacinação para os grupos considerados prioritários: crianças de 6 meses a 5 anos, idosos e gestantes.

Mesmo sem nenhuma morte pela doença registrada em Pernambuco, a procura pela imunização no Recife é grande desde o início do mês. A dentista Samanta Guerra, de 31 anos, moradora do Recife, tentou por três vezes na última semana vacinar os gêmeos Lucas e Daniel, de 2 anos. Decidiu viajar para a Paraíba em busca da imunização.

"Minha irmã mora em João Pessoa e conseguiu fazer a reserva de duas doses para meus filhos. Cansei de tentar por aqui. Na sexta, passei quatro horas em uma fila e, pouco tempo antes de sermos atendidos, a vacina acabou", diz.

Lista de Espera

Proprietária de uma rede com quatro clínicas, a empresária Juliana Souza está preocupada em não conseguir atender seus clientes. "Na semana passada, em um só dia, aplicamos mais de 3 mil vacinas, e a lista de espera não para de crescer. As vacinas chegam e acabam horas depois. E não tenho como ampliar a oferta, porque meus fornecedores também não dão conta da procura."

Em Santa Catarina, apenas metade das clínicas tem a vacina disponível. As demais estão agendamento atendimento, para quando as doses chegarem. O Estado já confirmou seis mortes pela doença até a semana passada.

A comerciária Gorethe Maniski, de 48 anos, porém, não sabia dos agendamentos e acabou perdendo a viagem até uma clínica em Florianópolis. "Fico preocupada. Toda semana aparece uma nova morte", diz. 

Em Cuiabá, em Mato Grosso, a morte de um homem de 73 anos pelo H1N1 provocou uma corrida pela imunização. O estoque da cidade zerou na quinta-feira. Também lá, o atendimento está sendo agendado.

A procura fez aumentar o preço do imunizante. Até este mês, a dose custava entre R$ 80 e R$ 100. Na semana passada, já valia, em média, R$ 130. A assistente social Maria Aparecida Sena levou a filha, Maria Luiza, de 6 meses, para ser vacinada, mas foi informada de que as doses chegam nos próximos dias. "A vacina está cara, mas, nessa hora, a gente nem pensa nisso." Segundo a Secretaria de Saúde de Mato Grosso, 24 cidades têm registro da doença e nove mortes estão em investigação.

Interior Uma longa fila vem se formando todos os dias na frente da única clínica particular de vacinação de Frutal, a 620 km de Belo Horizonte. "Começa por volta das 5h30. Às 7h, as pessoas começam a entrar e, às 7h30, não tem mais nada", afirma o atendente de farmácia Samuel Teotônio Silva Júnior. A cidade registrou as duas mortes em Minas por H1N1, conforme dados daSecretaria de Saúde.

"O pessoal aqui está cismado", diz o aposentado João Batista da Cruz, de 73 anos. Ele, no entanto, desistiu de esperar pela vacina na fila.

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