Covid-19: especialista esclarece sobre mistura de vacinas, isolamento e futuro da pandemia
Imunização reduziu gravidade, mas terceiro ano de contágios em massa seguem gerando dúvidas
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A chegada das vacinas impactou na redução da gravidade e no número de casos da Covid-19 em todo o mundo. Entretanto, já em seu terceiro ano, os contágios seguem e algumas dúvidas permanecem. O Correio do Povo conversou com o epidemiologista Paulo Petry sobre principais questionamentos sobre a doença.
- Quais os sintomas da Covid-19 em vacinados?
Atualmente, os sintomas mais relatados são coriza, dor de cabeça, dores musculares, como uma gripe bem forte. Alguns pacientes ainda relatam perda de paladar. A perda de olfato já não é mais tão comum. A Ômicron se concentra nas vias aéreas superiores, por isso é mais transmissível. O vírus fica entre gargantas e narinas. Felizmente por não descer até os pulmões, ela é menos letal. As vacinas têm eficácia comprovada e auxiliam na redução dos casos graves.
- Atualmente, quantos dias de isolamento são recomendados?
Se recomenda 5 a 7 dias a partir do começo dos sintomas. Mesmo que não seja grave, convém isolar. Em 7 dias, cessados os sintomas, as pessoas devem sair do isolamento. Já se falou em 15 dias, hoje se fala de 7 a 10 dias. A transmissão acontece em 10 dias após o começo dos sintomas.
- Quais as principais medidas de prevenção?
Uso de máscaras em ambientes fechados. Máscaras adequadas, máscaras de pano têm pouquíssima eficácia. Máscaras cirúrgicas e as de "bico de pato" são as mais eficientes. Outro ponto é a ventilação dos ambientes e a higiene das mãos. Não precisa ser álcool gel, água e sabonete ajudam. Lavar embalagens já se comprovou que tem pouca relevância para impedir transmissão.
- Transmissão do coronavírus acontece preferencialmente por onde?
Ela se dá pelas gotículas de saliva e aerossóis da fala. Por isso a importância da máscara. A gotícula de saliva é mais pesada, ela cai. Os aerossóis flutuam. Por isso a importância da ventilação. Janelas e portas, em lugares opostos, para a ventilação acontecer da melhor forma.
- O que esperar da pandemia no futuro
A tendência é que o vírus seja mais transmissível e tenha menos impacto na saúde. Deve se tornar banal e ser sazonal. Mortalidade despencará. Depois da vacina, de quatro a cinco meses, as defesas começam a diminuir. Se especula que tenhamos que nos vacinar uma a duas vezes ao ano.
- Tomar doses de vacina de farmacêuticas distintas faz diferença?
Quando se tomam vacinas diferentes para um reforço, a proteção é mais eficiente. Todas são eficientes, mas se pudermos escolher, misturar as vacinas será ainda melhor. Nós chamamos de homólogo quando se toma a mesma vacina e heterólogo quando se variam as vacinas. Estudos já indicam que esse sistema heterólogo é mais eficiente. O organismo fica com defesas mais potentes se as vacinas são diferentes.
Por que algumas pessoas não pegam Covid-19? Elas têm uma imunidade maior?
Ele é um vírus que não tem um padrão de comportamento uniforme. A Covid-19 pode ser, até mesmo, sem sintomas em algumas pessoas. Tem pessoas que pegam e não sabem que pegaram. Em outros casos, ela pode ser grave e levar a óbito. Sabemos que existem pessoas com comorbidades, diabetes, obesidade, cardiopatia, ou com sistema imune suprimido, oncológicos, que sofrem mais. Fora este grupo, não sabemos explicar as razões de uns terem sintomas somente leves e outros irem a óbito. Não desvendamos ainda esses enigmas. Algumas incertezas permanecem.
