Cremers abre sindicância nos hospitais São Lucas e Centenário após morte de bebê

Cremers abre sindicância nos hospitais São Lucas e Centenário após morte de bebê

Gestante perdeu filho ao enfrentar superlotação e orientações contraditórias nas duas instituições

Estêvão Pires / Rádio Guaíba

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O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) abriu, nesta quarta-feira, uma sindicância para investigar indicios de negligência e erro médico após a morte de um bebê, em São Leopoldo, Região Metropolitana. Os alvos das apurações serão profissionais do Hospital Centenário, no município do Vale dos Sinos, e do São Lucas da PUC, em Porto Alegre. Nas duas instituições, a mãe da criança, Eduarda Natiel Dias, de 18 anos, enfrentou falta de atendimento, superlotação e orientações contraditórias, que teriam culminado no óbito do filho.

Segundo investigação da Polícia Civil, Eduarda procurou o Hospital Centenário na madrugada de segunda-feira. No fim da manhã, ela foi transferida para o Hospital São Lucas, em Porto Alegre, devido à superlotação na UTI Neonatal. Uma equipe do Centenário contatou o Centro Obstétrico do São Lucas, que aceitou atender a gestante.

Contudo, já na Capital, a instituição alegou falta de leito e deu diagnóstico diferente, considerando o caso eletivo - sem urgência - e afirmando que havia condições de o parto ser realizado em um prazo de até 52 horas. Com isso, Eduarda foi encaminhada de volta a São Leopoldo. Quando chegou ao Centenário, no fim da tarde de segunda, a médica plantonista percebeu a falta de batimento cardíaco fetal, constatando a morte da criança.

"São versões diferente e queremos explicações dos dois lados. Enviaremos um ofício aos profissionais que participaram do atendimento para apurar possíveis negligências ou erros", salientou o vice-presidente do Cremers, Fernando Mattos. Um inquérito policial também foi instaurado na 1ª Delegacia de Polícia de São Leopoldo para investigar o caso.

Mais de 800 sindicâncias somente em 2011

Somente em 2011, 800 sindicâncias foram iniciadas pelo Cremers a partir de indícios de erros ou negligência de médicos no Rio Grande do Sul. Destas, 130 acabaram gerando processos, ainda em julgamento. Segundo as estatísticas do conselho, em metade dos casos há condenação.

De acordo com o Cremers, hoje há pelo menos 28 sindicâncias em curso. Dezesseis delas devem ser concluídas a curto prazo, mas o término, previsto para o dia 20 de janeiro, atrasou. O motivo oficial é a demora e falha nos envios de correspondências. A nova previsão é de encerramento das apurações no dia 15 de março.

Entre os procedimentos iniciados no ano passado, está o caso da gestante que teve de percorrer mais de 500 quilômetros para conseguir um leito em UTI, em novembro. Moradora de Santa Vitória do Palmar, ela foi hospitalizada em Novo Hamburgo.

Outro caso foi o do caminhoneiro Luciano Pedrotti, que sofreu acidente na ERS 153 e foi hospitalizado em Vera Cruz, com a necessidade ser encaminhado a uma UTI. Dez horas depois da internação, a Central de Regulação de Leitos do Estado conseguiu uma vaga, em Passo Fundo. A remoção recém havia começado quando a vítima morreu.

Caso os procedimentos comprovem que falhas ocorreram, as sindicâncias serão transformadas em processos ético-profissionais, que podem terminar com advertência ou a cassação do diploma do acusado.


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