Cresce durante a pandemia busca por apoio contra o alcoolismo em Porto Alegre

Cresce durante a pandemia busca por apoio contra o alcoolismo em Porto Alegre

Atendimento no Alcoólicos Anônimos aumentou 50% durante os meses de isolamento social na Capital

Felipe Samuel

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Com as restrições de circulação em Porto Alegre durante a pandemia do novo coronavírus e maior permanência da população em casa, o atendimento a pessoas que tentam se recuperar do alcoolismo aumentou nos grupos de apoio, como Alcoólicos Anônimos (AA). Com a diminuição das reuniões para evitar a disseminação da Covid-19, homens e mulheres recorreram ao plantão telefônico que funciona 24 horas. De acordo com a coordenação do AA - Área 7, cuja sede fica na rua Barros Cassal, no bairro Floresta, a busca por atendimento aumentou 50% durante a pandemia. 

Em média, são cem ligações por dia. Acostumados a realizar até seis reuniões por semana, o grupo vai retomando aos poucos os encontros, que já chegam a quatro por semana. Mas a procura por apoio via telefone se mantém elevada. "A tendência é ir aumentando sempre. O alcoolismo não dá em poste, dá em ser humano. Tem muita gente em casa e dependente do álcool. Muita gente não sabe onde procurar ajuda e vai para a internet ver nosso site", destaca um dos diretores. Em abril, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu comunicado recomendando que os países limitassem a venda de bebidas alcóolicas por conta do isolamento social imposto durante a pandemia. 

Na Capital, embora tenha havido fechamento de bares e restaurantes, o comércio de bebidas em supermercados se manteve inalterado. A procura por apoio via telefone é acentuada entre aqueles que já frequentavam as reuniões. "Em torno de 50% de quem não está frequentando, que é do AA, está voltando e ligando para saber quando os grupos reabrem. Em Porto Alegre mesmo temos 28 grupos, mas apenas 4 ou 5 funcionando", observa. A primeira reunião de retorno do grupo no Floresta está marcada para dia 18, às 15h. "Depois vai funcionar toda semana às 10h, às 15h e às 19h30", reforça.

A importância do suporte psicológico para quem luta contra a doença pode ser medida pelo aumento da procura por apoio na pandemia. "Comecei na irmandade há 29 anos e quatro meses. Se não fosse o AA, com certeza não teria parado", observa. Um levantamento realizado por um grupo internacional de pesquisadores do Brasil, Canadá, Estados Unidos e África do Sul, e da Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), divulgado em julho, aponta que em situações de pandemia não é incomum ocorrer aumento nos índices de alcoolismo. 

"A pessoa tem que frequentar a reunião e tentar fazer alguma coisa por ela, porque quando está na ativa do alcoolismo ela só pensa no álcool, tudo é desculpa esfarrapada", completa. Mesmo com a retomada das reuniões, o atendimento pelo número 3226-0618 está mantido. Mais informações podem ser obtidas no site da entidade


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