Crise na saúde em Porto Alegre atinge Beneficência e Parque Belém
Fechamento de leitos do SUS e dificuldades financeiras são alguns dos problemas dos hospitais
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Protestos recentes realizados pelo Sindisaúde e pelo Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (Sergs) junto a funcionários em frente ao Beneficência não deixam dúvida sobre a situação crítica da entidade. No final do mês de outubro, de acordo com informações do presidente do Sergs, Estevão Finger, dos 160 leitos do Hospital, apenas sete estavam ocupados. À época, o presidente do Sindisaúde, Arlindo Ritter, disse que, além dessa questão, outro problema era relativo aos salários. Segundo ele, havia um atraso de quatro meses nos pagamentos, além de condições precárias de trabalho e atendimento à população.
Uma das alternativas que chegou a ser especulada, após pedidos dos sindicatos, era uma intervenção do município na instituição. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), no entanto, não há nenhum indicativo nesse sentido. Em entrevista à Rádio Guaíba, o coordenador em Atenção em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde, João Marcelo Lopes Fonseca, afirmou que não há motivos para o Executivo imaginar a integração de um hospital privado, filantrópico e com uma mantenedora.
A Saúde também comunicou que o Beneficência encontra-se em déficit de aproximadamente R$ 5 milhões com a pasta por estar recebendo os repasses do SUS e atendendo um número baixo de leitos - conforme a SMS, apenas seis. Ou seja, o hospital não estava mantendo o atendimento de contrapartida conforme contrato estabelecido de R$ 1,7 milhão mensal.
O Hospital Parque Belém, por sua vez, possui 250 leitos, sendo que 50 deles são apenas para a saúde mental. Localizada na zona Sul de Porto Alegre, a instituição chegou a virar foco de uma união entre os governos estadual e municipal. O secretário estadual, João Gabbardo dos Reis, e municipal da Saúde, Erno Harzheim, reuniram-se em junho para firmar uma parceria estratégica com o objetivo de reabrir o hospital através de um financiamento conjunto.
O compromisso dependia de acordo comercial com os atuais mantenedores e tiraria do parceiro interessado a responsabilidade frente ao conjunto de passivos financeiros e judiciais. A Secretaria Municipal de Saúde não soube dizer, no entanto, se a parceria teve continuidade. Procurada, a Secretaria Estadual da Saúde não se posicionou até o fechamento desta edição.
O Correio do Povo fez contato com os dois hospitais para questionar sobre as situações. As diretorias, no entanto, não se manifestaram.