Deputados conhecem instalações e apoiam ocupação no Centro

Deputados conhecem instalações e apoiam ocupação no Centro

Até o fim da tarde, moradores ainda não haviam sido notificados sobre ação de despejo

Cíntia Marchi

Deputados conhecem instalações e apoiam ocupação no Centro

publicidade

O prédio do Governo do Estado, ocupado desde o dia 14, já conta com creche, biblioteca, cozinha, espaço cultural. Hoje, a ocupação ganhou o apoio dos deputados Pedro Ruas (Psol), Jeferson Fernandes (PT) e Junior Piaia (PcdoB) que são membros da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. Eles visitaram as instalações do imóvel organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).

O prédio tem água e luz que nunca foram desligados pelo governo, apesar de ter sido desocupado pelo Ministério Público no final de 2006. O número de famílias ocupantes já se aproxima de 120, vindas principalmente da Lomba do Pinheiro, Morro da Cruz e Vila Chocolatão. Há cerca de 30 crianças com até seis anos vivendo no local. Em parte do primeiro e do segundo andares estão espalhados pelo chão colchões e cobertores.

Simone Pereira da Silva, de 29 anos, que morava na Lomba do Pinheiro, trouxe marido e os quatro filhos para o Centro Histórico. Ela conta que, há nove anos, se inscreveu em programas habitacionais para conquistar a casa própria e nada conseguiu. “Estava morando de favor. Depois que o meu marido perdeu o emprego com carteira assinada há quatro meses, nós vivíamos de alguns bicos”, contou. “Minha casa destelhou no temporal em outubro, perdemos parte das nossas coisas e resolvemos nos juntar à ocupação”, justificou.

Só que as incertezas de Simone e outras famílias continuam. Até as 17h, o movimento não tinha recebido notificação da liminar que foi concedida pela 7ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre sobre despejo. Pela ação de reintegração de posse, as famílias terão 72 horas para desocuparem o local, depois de receberem a notificação.

Deputados defendem negociação

Na opinião dos deputados, pela primeira vez em nove anos, o prédio público está cumprindo uma função social. “Se há uma necessidade de moradia no Estado e especificamente na Capital e se não tem dinheiro para investir, que pelo menos o Estado ofereça seus imóveis para os necessitados”, defendeu Ruas.

Os parlamentares elaboraram documento solicitando que a Assembleia Legislativa estabeleça um diálogo com a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para que a negociação com os ocupantes do prédio siga fora da esfera judicial.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895