Desfile das Poderosas celebra a vida e a superação de mulheres que venceram o câncer de mama

Desfile das Poderosas celebra a vida e a superação de mulheres que venceram o câncer de mama

Evento aconteceu na noite desta quarta-feira, na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre

Franceli Stefani

Angelita foi uma das mulheres poderosas, ela abriu o sorriso, falou sobre a superação e arrancou aplausos da plateia

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Elas conseguiram dar a volta por cima. Na tarde desta quarta-feira, nove mulheres que venceram o câncer de mama ou estão em tratamento, mostraram toda a força, a positividade, confiança e determinação no Desfile das Poderosas, na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. A atividade, que integra a programação do Outubro Rosa, reuniu as pacientes da unidade oncológica da instituição de saúde.

Entre elas estava Angelita Pereira da Rosa, 39 anos. Moradora de Canoas, na Região Metropolitana, descobriu o câncer em agosto do ano passado, durante um banho. “Não estava fazendo o autoexame, mas notei um caroço no meu seio. Fui procurar médico, fazer exames e descobri que estava com câncer de nível 4, que é avançado”, relembrou. Ela detalhou que os nódulos estavam concentrados debaixo da axila. “Tinham 15 tumores, 11 já estavam malignos. Precisei fazer a cirurgia, todo o tratamento, mais 16 sessões de quimioterapia e outras de 30 de radioterapia, que ainda estou fazendo”.

Casada há 20 anos, mãe de uma filha de 16, disse que o processo não foi fácil. “Abre um buraco imenso na tua frente, tu começa a pensar se vai morrer ou viver. Escolhi viver, tive o abraço e o apoio de toda a minha família e meus amigos”. Com um sorriso aberto, com diagnóstico precoce e superação é possível dar a volta por cima. De toda a luta fica a lição: “Hoje eu vi que o mais importante é o coração, o sentimento. O cabelo cresce. Hoje, graças a Deus, tudo tem solução. Quando os fios caem eles oferecem peruca, ofertam lenço, não ficamos sozinhas ou desemparadas. Perdemos o chão, mas todos os profissionais nos acolhem.”

De acordo com o diretor médico do Hospital Santa Rita, Carlos Eugênio Escovar, o evento foi pensado para celebrar a vida e a energia de cada uma das pacientes. “Aqui estamos comemorando a força das mulheres, das famílias que são pegas de surpresa com a doença que pode surgir em qualquer momento e, mesmo com ela, precisa criar ânimo para superá-la”, afirmou. O processo de descoberta e tratamento não é fácil. Precisa de empenho, dedicação e superação. “O câncer não é o fim, mas pode se tornar o início de uma nova vida. Viver é muito bom”, frisou.

O profissional reforçou a importância da atividade física e de boa alimentação para prevenir uma doença altamente incidente. No entanto, lembrou que a ausência do diagnóstico precoce pode levar a mulher a morte. Ele explicou que o aumento de casos contabilizados pode ser devido ao número maior de diagnósticos e a ampliação do acesso à rede de atendimento. Porém, os hábitos de vida, como o sedentarismo, o sobrepeso e a obesidade podem ser responsáveis pela incidência. “Procure seu ginecologista, uma vez por ano vá, faça o exame das mamas, além de buscar a saúde através da atividade física e alimentação saudável.”

No Hospital Santa Rita, referência no tratamento do câncer, surge uma média de sete mil novos casos por ano, e em torno de mil de câncer de mama – que vão desde a paciente com uma lesão pequena, até aquela em nível avançado, que precisa de procedimento cirúrgico, radio e quimioterapia. Escovar disse que os índices de cura, no estágio 1, são acima de 90%, em média. As doenças nível 3, considerados casos mais avançados, tem chance de 40 a 50% de recuperação. A doença pode acontecer em qualquer idade. Quanto mais jovem, a tendência é que ela seja mais agressiva. “É importante entender que cada paciente é um paciente. Não pode generalizar. Muitas vezes, angustiada com o diagnóstico ela vai para internet, que não é mau conselheiro, vai ler coisas genéricas que talvez não seja o seu caso. Claro, elas podem ler, mas que tenham calma e conversem com seu médico.”


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