Desfile de cavalarianos encerra Semana Farroupilha no Rio Grande do Sul

Desfile de cavalarianos encerra Semana Farroupilha no Rio Grande do Sul

A Chama Crioula, um dos maiores símbolos da cultura gaúcha, foi conduzida até a casa do governo estadual

André Malinoski

Cavalgada Farroupilha prestou homenagem ao 20 de Setembro e ao centenário do Palácio Piratini

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A Cavalgada Farroupilha, que prestou homenagem ao 20 de Setembro e ao centenário do Palácio Piratini, aconteceu nesta segunda-feira em Porto Alegre. Um total de 38 cavalarianos, com bandeiras e trajes típicos, partiu do Parque Harmonia às 10h. A Chama Crioula, um dos maiores símbolos da cultura gaúcha, foi conduzida até a casa do governo estadual, onde foi extinta pelo governador Eduardo Leite, que vestia botas de cor marrom, bombacha e um lenço branco em torno do pescoço.

O tradicionalista Vilson Oberdan Cantini, 66 anos, era pura felicidade na concentração antes da saída. “A emoção é sempre a mesma. Tenho muito orgulho de conduzir o maior símbolo dos gaúchos”, comentou sentado no lombo de uma égua. Assim que deixaram a porteira do Parque Harmonia, uma cavalariana gritou: “Viva o Rio Grande!”.

Os participantes seguiram pela rua Ibanor José Tartarotti, ao lado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), e passaram por debaixo da plataforma do aeromóvel em direção à rua General Vasco Alves. A Brigada Militar e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) auxiliaram o trânsito em trechos do trajeto. Algumas pessoas olhavam pelas janelas.

O desfile passou pelo castelo do Alto do Bronze e dobrou à direita na rua Duque de Caxias. Na frente da Escola Técnica Estadual Senador Ernesto Dornelles, o grupo parou por cerca de 15 minutos. O intervalo serviu para o governador Eduardo Leite e sua comitiva se prepararem para a chegada no Piratini. Às 10h14min, começou a cavalgada. Quando os cavalarianos se aproximaram da Praça da Matriz, após quatro quilômetros de percurso, foram recebidos por autoridades em um palanque e ao som da banda da Brigada Militar.

Leite estava ao lado do vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, da secretária Estadual da Cultura, Beatriz Araújo, da patrona dos Festejos Farroupilhas, Liliana Cardoso, do presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Manoelito Savaris, de deputados e demais autoridades. Em seguida, a Chama Crioula foi levada para o hall de entrada do Piratini, onde foi extinta.

“Se há quase 200 anos este Rio Grande se levantava contra as injustiças, travando uma guerra, provendo um enfrentamento em torno dos seus ideais farroupilhas, nos tempos atuais, por mais paradoxal que pareça, o enfrentamento é outro”, discursou o governador. “A coragem, a ousadia, é justamente de nos opormos à cultura da guerra, do enfrentamento que divide o nosso país. Coragem é sustentarmos a crença de que somos iguais, de cultivarmos o respeito e ter a ousadia da ponderação, da sensatez, do equilíbrio”, acrescentou.

Foto: Alina Souza

A patrona dos Festejos Farroupilhas, Liliana Cardoso, emocionou a todos no local. “Essa chama se extingue, mas acende-se a luz da fé, da saúde e da generosidade. Mais uma vez reafirmo, da liberdade, igualdade e humanidade, que sempre buscamos todos os dias”, dirigiu-se aos presentes.

O governador conversou com a imprensa depois do ato. “A Semana Farroupilha celebra justamente o enfrentamento das dificuldades, tudo o que representa em torno de uma luta travada e pelas dificuldades encontradas na economia do Estado no século 19”, afirmou Leite.

“A pandemia foi o grande enfrentamento que a gente fez. Foi uma guerra sanitária, que está sendo vencida finalmente, mas não sem baixas. Tivemos mais de 34 mil mortes no nosso Estado que lamentamos profundamente”, refletiu. O líder do Estado também elogiou o legado de Anita Garibaldi. “Podemos exaltar símbolos e referências. Anita é um exemplo daquele tempo de se dispor a um enfrentamento sangrento.”

O ato marcou o encerramento dos Festejos Farroupilhas, que homenagearam o bicentenário de nascimento da heroína Anita Garibaldi e o cinquentenário do Dia da Consciência Negra e do Movimento Nativista. Exatamente às 10h44min, a Chama Crioula estava extinta.


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