Desmatamento cresce, mas Mata Atlântica ainda resiste no RS

Desmatamento cresce, mas Mata Atlântica ainda resiste no RS

Áreas preservadas representam apenas 12,9% da cobertura original de vegetação

Correio do Povo

Áreas preservadas representam apenas 12,9% da cobertura original de vegetação

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O desmatamento no Brasil cresceu 9% entre 2012 e 2013, em comparação com o período anterior. Um estudo da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou o desflorestamento de 23.948 hectares. O Rio Grande do Sul aparece no oitavo lugar da lista dos estados que mais destruíram o bioma. Foram 142 hectares, uma elevação de 43%. Atualmente restam apenas 7,9% de Mata Atlântica no território gaúcho. Porém, se forem somadas outras áreas naturais, o percentual sobre para 12,9%.

Apesar de o Rio Grande do Sul não ser o caso mais preocupante, já que Minas Gerais, por exemplo, aparece no topo do ranking com 8,4 mil hectares desmatados somente entre 2012 e 2013, especialistas alertam para as consequências da diminuição das regiões naturais. “Todo desmatamento requer uma atenção especial”, afirma a diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota.

Ela lembrou da necessidade de preservar o que resta e, principalmente, recuperar as áreas e matas ciliares, por conta dos recursos hídricos. “Cada vez que se afeta uma floresta, a disponibilidade de água é comprometida”, explica. Ela destaca, ainda, a importância de se protegerem além das nascentes, os córregos. Márcia observa que o RS tem características específicas, pois é composto por dois biomas: Pampa e Mata Atlântica. Originalmente, a mata representava 51%.

O desflorestamento ocorre em pequenas áreas. “A Mata Atlântica está em propriedades pequenas. O que vimos é muito desmatamento em pequena escala”, diz. “O Rio Grande do Sul ainda tem uma área representativa de mata. A região mais Leste, na divisa com Santa Catarina, é bem preservada. Temos ilhas de florestas”, comenta.

O presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Alfredo Gui Ferreira, salienta que a substituição de uma flora diversificada pelas monoculturas, como ocorre em boa parte do RS, representa risco para a fauna e empobrece o solo. “As mudanças drásticas causadas pela monocultura vêm acompanhadas por transgênicos e venenos. O ciclo natural é rompido, especialmente no nosso Estado, onde existem áreas em que se usam mais de 20 litros de agrotóxicos por habitante”, descreve.

Mesmo sendo um centro urbano, Porto Alegre conserva algumas ilhas de mata nativa. O Morro do Osso é um dos exemplos. O cacique da comunidade que abriga 39 famílias, Valdomiro Vergueiro, afirma que os indígenas têm procurado proteger a vegetação e reflorestar as áreas prejudicadas.


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