Desocupação de loteamento em Cachoeirinha deve levar dois dias
Moradores reclamaram que foram entregues à própria sorte
publicidade
Apesar disso, a líder comunitária Suzana Müller ficou descontente com a forma como a prefeitura tratou os invasores. “Levaram os móveis para um depósito de forma desordenada. Deveriam ter feito o cadastro social antes de obrigarem as pessoas a saírem do loteamento. O aluguel social sequer foi aprovado pela Câmara Municipal e, de qualquer forma, somente virá no dia 5 de julho. Até lá como viverão, quem alugará qualquer imóvel para essas
vítimas do sistema?”, ponderou.
Outro líder da comunidade, Francisco Niches, destacou que a prefeitura foi cordial no cumprimento da decisão, mas não cumpriu de forma plena o acordo feito com os moradores. Segundo ele, muitos saíram do local sem a garantia de um novo lar. Além disso, durante um ano, a maioria dos invasores ficará entregue à própria sorte. “Ninguém veio para cá por vontade própria, mas por necessidade. Estamos saindo sem maiores problemas, acreditando no que foi firmado com o Executivo municipal”, assinalou.
Conforme o secretário municipal de Habitação, André Lima, apenas 60 famílias receberão aluguel social no valor de R$ 250 por seis meses, prorrogáveis por igual período. O restante, durante a desapropriação, preencheu um cadastro e deve receber uma nova casa em um outro loteamento em até 12 meses. “Fizemos um estudo e verificamos que somente 60 estão de fato em situação de vulnerabilidade social. Os outros devem voltar para a casa de familiares. Há muitas pessoas que são de Cachoeirinha, mas não podemos abraçar o problema habitacional de outros municípios”, argumentou Lima.
Além das promessas de aluguel social e novo loteamento, haverá avaliação individual de casos isolados que podem não ter sido contemplados no estudo social realizado pela prefeitura. “Não nos negamos a ajudar, mas temos que
respeitar a lei e o projeto do Ministério das Cidades. O Loteamento Chico Mendes deve estar concluído em seis meses e abrigará famílias que vivem em zonas de risco, alagadiças e embaixo redes de alta tensão”, enfatizou o secretário.
A reintegração de posso ocorreu sob a supervisão de cerca de 400 profissionais, entre Brigada Militar (BM), Batalhão de Operações Especiais (BOE), Bombeiros, Defesa Civil e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo a prefeitura, algumas famílias, cientes da ordem judicial, aproveitaram o final de semana para abandonar a área invadida. Durante a retirada dos móveis, em razão do grande número de caminhões que conduziram o material para o depósito municipal, houve congestionamento na ERS 118.
Em novembro do ano passado, um grupo de 280 famílias invadiu o local e ocupou as casas inacabadas que estavam sendo construídas e que seriam destinadas a outras pessoas cadastradas desde 2005 e que vivem em zonas de risco.