Dez ônibus com haitianos partirão do Acre para Porto Alegre

Dez ônibus com haitianos partirão do Acre para Porto Alegre

Quase 700 refugiados estão em abrigo em Rio Branco

Karina Reif

Dez ônibus com haitianos partirão do Acre para Porto Alegre

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Dez ônibus sairão de Rio Branco no Acre para Porto Alegre entre quinta-feira e o dia 30 de maio trazendo haitianos. Um veículo por dia, com capacidade para 44 pessoas, fará o percurso, passando por PortoVelho (RO), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS), Curitiba (PR) e Florianópolis (SC). Parte dos imigrantes ficarão nessas cidades, segundo o ouvidor da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Antônio Torres. Ele informou que há quase 700 haitianos em um abrigo em Rio Branco e eles escolhem os destinos a partir da legalização como refugiados no Brasil. Ainda não está definido quantas pessoas serão destinadas à Capital gaúcha.

A notícia de que centenas estavam vindo em direção a Porto Alegre e a São Paulo, na terça-feira, mobilizou as prefeituras das duas cidades. A Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos chegou a divulgar que pelo menos 50 chegariam nesta quarta ao Rio Grande do Sul, mas durante a manhã retificou a informação.

“Estamos afinando o diálogo com outros estados para eles se prepararem para receber essas pessoas. Neste momento, suspendemos as idas para São Paulo”, declarou Torres. Segundo ele, a maior parte dos imigrantes deseja ir para a capital paulista. Muitos, inclusive, vão por conta própria.

O prefeito em exercício de Porto Alegre, Sebastião Melo, disse nesta quarta, que a responsabilidade pelo acolhimento é tanto da prefeitura, como do estado e das entidades sociais. Ele destacou que a administração municipal não havia sido informada sobre a vinda dos imigrantes. O coordenador do Fórum Permanente de Mobilidade Humana do Rio Grande do Sul, Élton Bozzetto, salientou que a entidade previa a continuidade do fluxo de imigrantes para o Rio Grande do Sul, mas não foi informada sobre a chegada esta semana de um grupo de pessoas. “O primeiro atendimento deve ser sempre pelo poder público”, afirmou.

Conforme ele, dos mais de 40 que vieram a Porto Alegre no fim do ano passado, ficaram apenas nove. “Não sei se é desorganização ou dificuldade de comunicação entre eles e alguns setores”, ressaltou. Bozzetto explicou que não há serviço estruturado para receber um grande volume de pessoas sem antecipação. Ele disse que, ao chegarem no Acre, os haitianos já têm a situação regularizada. A eles é concedido um número de CPF e registro.

Em novembro de 2014, o governo do Estado firmou parceria com a Prefeitura de Porto Alegre para garantir o acolhimento aos haitianos. Naquela ocasião, o governo do Acre também não havia informado a Capital sobre a chegada dos imigrantes. A deputada estadual Manuela d’Ávila (PCdoB) havia marcado uma reunião para tratar do assunto e pediu a antecipação. O encontro deve ocorrer agora no dia 2 de julho, às 18h.

Cerca de R$ 1 milhão liberado pelo Ministério da Justiça teria sido utilizado para uma parte do fretamento dos veículos. Depois de reunião com o Governo do Acre e com a prefeitura de São Paulo, o órgão federal suspendeu a utilização de recursos para esse tipo de operação. Isso, porém, não impede que o Acre pague com verba própria empresas para fazerem o serviço.


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