Dia é oportunidade para repensar futuro do Dilúvio
No entorno do arroio, degradado por esgoto e resíduos, moram 400 mil pessoas
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O Projeto Arroio Dilúvio começou ano passado, a partir de comitiva integrada pelo governador do Estado e reitores de universidades gaúchas à Coreia do Sul. A recuperação do arroio Cheong Gye Cheon, na Coreia do Sul, atestou que é possível fazer a mesma coisa em Porto Alegre. Desde então, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e as prefeituras de Porto Alegre e Viamão, que guarda a nascente e 20% da área da Bacia, desenvolvem o trabalho.
Em dezembro, o grupo assinou o protocolo de cooperação, que tem o dia 31 de outubro como prazo para a conclusão do plano de ações. "Será o projeto básico, um termo de referência definindo atribuições e diretrizes dos projetos de obras, intervenções urbanas, água, meio ambiente, educação ambiental e valorização econômica da bacia. O projeto final precisa ser muito bem detalhado, pelo tamanho da área e sua importância ambiental e alto valor dos recursos necessários. Estimamos estudos por mais dois anos, no mínimo", diz André Luiz Lopes da Silveira, professor da Ufrgs que apresenta nesta terça-feira o projeto no seminário Cidades Sustentáveis: Qual a Porto Alegre que Queremos, no prédio 9 da PUC às 17h30min, que integra a programação da Semana do Meio Ambiente.
Conforme o professor, um terço do esgoto de Porto Alegre é produzido pelos moradores da Bacia do Arroio Dilúvio. "Por ignorância ou teimosia, as pessoas ligam o seu esgoto à rede pluvial, criada para receber água da chuva, e não na cloacal, preparada para o esgoto doméstico". O professor acrescenta que não há a rede cloacal apenas em um trecho entre a Ufrgs e a PUC. O arroio Dilúvio recebe 2,5 milhões de litros de poluentes todos os dias e 50 mil m³ de detritos anualmente. Sua nascente está no parque Saint Hilaire, e sua salvação significa, além da mudança ambiental para a população e a melhoria da qualidade da água, a salvação de peixes, répteis, 70 espécies de aves e 15 de mamíferos que vivem na Foz, local de reprodução de tartarugas, conforme o marco conceitual do projeto.