Dia Mundial do Idoso: as dificuldades do dia a dia em Porto Alegre

Dia Mundial do Idoso: as dificuldades do dia a dia em Porto Alegre

Primeira no Brasil identificada como Cidade Amiga do Idoso, Capital tem muito a melhorar para essa crescente faixa da população

Henrique Massaro

Por causa da insegurança, casal de aposentados sempre cuida melhor horário para sair de casa

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Em dez anos - de 2005 a 2015 - a proporção de idosos com 60 anos ou mais no Brasil passou de 9,8% para 14,3%. O percentual, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstra que a população brasileira está envelhecendo. Na região Sul, 15,9% da população é idosa. Neste contexto, o 1º de outubro, Dia Mundial do Idoso, ganha importância.

Presidente do Instituto Amigos do Fórum Social Mundial, Lélio Luzardi Falcão lembra que Porto Alegre foi a primeira cidade no país identificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Cidade Amiga do Idoso. No entanto, ressalta que as administrações da Capital não fizeram seu “dever de casa”. E a atual gestão, segundo Falcão, ainda não se aprofundou no assunto. “Tenho visto diversas falhas nesses dez meses na atenção ao idoso.”

Os temas colocados pela OMS como fundamentais para as cidades Amigas do Idoso devem ser discutidos no Fórum Social Mundial, que ocorrerá de 22 a 26 de janeiro de 2018. São eixos como habitação, transporte, segurança e saúde. Um dos principais objetivos é ter sucesso no evento e tentar trazer para Porto Alegre em 2022 a terceira Assembleia Mundial Sobre Envelhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU), que ocorreu pela última vez em 2002, em Madri, na Espanha. “Mas para isso temos um tema de casa, que é melhorar significativamente a atenção ao idoso em Porto Alegre.”

As dificuldades enfrentadas no dia a dia são grandes, especialmente quando se trata de mobilidade. Calçadas com falhas representam riscos, por exemplo, aos mais velhos. Além disso, acabam tendo poucas opções de deslocamento, em função de limitações físicas. A professora aposentada Maria Beatriz Papaleo, de 76 anos, relata algumas situações, como dificuldade para subir nos ônibus porque os degraus são altos. “A mobilidade urbana não é pensada para os idosos”, comentou.

A segurança, ou a falta dela, também é um problema enfrentado diariamente pela população idosa em Porto Alegre. O casal de aposentados Marta e Vanderlei Borba, de 63 e 64 anos, fazem caminhada todos os dias na Redenção. Segundo ela, no entanto, nos últimos anos eles precisam sempre pensar em qual é o melhor horário para sair de casa, já que a insegurança amedronta. Mas isso não é motivo para que os dois abandonem a prática esportiva, feita todas as manhãs desde que se aposentaram. “A longevidade está muito associada a isso”, afirma Vanderlei, que também diz que o casal procura fazer tudo o que pode a pé.

Quem também é adepta do exercício é a aposentada Nelcy Moresco, de 71 anos. Há cerca de quatro anos, ela faz parte de um grupo de caminhada que se reúne todas as terças e quintas-feiras na Redenção. “Para mim é como um alimento, meu organismo reclama se fica sem”, afirmou. Ela também cita a dificuldade da mobilidade devido às ruas esburacadas e à precariedade do transporte coletivo.

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