Diminui procura por testes para varíola do macaco no Rio Grande do Sul

Diminui procura por testes para varíola do macaco no Rio Grande do Sul

Estado já registrou 226 casos confirmados

Felipe Samuel

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Quatro meses após a confirmação do primeiro caso de varíola do macaco, o Brasil registra 8.270 casos confirmados de varíola do macaco, conforme o Ministério da Saúde. No Rio Grande do Sul, até 6 de outubro, foram registrados 226 casos confirmados e outros 184 investigados no Estado. De acordo com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), Porto Alegre concentra o maior número de contaminados, com 129 casos positivos, seguido de Canoas, com 18, Novo Hamburgo e Viamão, ambos com 13 cada.

O baixo número de contágio em solo gaúcho também reflete na redução da procura por testes para a varíola do macaco. De acordo com o diretor adjunto do CEVS, Marcelo Vallandro, à medida que diminui o número de casos positivos também começa reduzir a identificação da doença. Apesar do cenário favorável, Vallandro alerta que os agentes de saúde devem se manter sensíveis para captar casos suspeitos. “Estamos acompanhando os casos, mas diminuiu a procura por exames”, afirma. 

Vallandro explica que doenças transmissíveis sempre geram preocupação a autoridades de saúde. Mas observa que o vírus da Monkeypox tem características diferentes da Covid-19, por exemplo, com o contágio ocorrendo por meio de contato na pele mais prolongado e íntimo. “Naturalmente se a doença não se espalha tanto, a partir do momento que identificamos um caso, se recomenda isolamento. Em casa a doença se encerra nela mesmo, que é o grande objetivo quando a gente lida com doenças transmissíveis”, destaca.

Conforme Vallandro, o objetivo é controlar e interromper a cadeia de transmissão da doença. “A doença não está com a circulação explosiva que poderia se imaginar”, afirma, acrescentando que o ideal seria não registrar nenhum caso da varíola do macaco. Assim como o RS, ele afirma que outros estados apresentam evolução pequena de contágio. “Não é nada de alarmante, mas é importante que as pessoas se cuidem e adotem medidas preventivas recomendadas pelas autoridades, como evitar exposição e contato com pessoas contaminadas”, resume.

Não há previsão para início de vacinação no RS

Mesmo com o contágio sob controle, o país recebeu na terça-feira o primeiro lote com 9,8 mil doses da vacina contra a doença. No Estado, ainda não há previsão para o início da vacinação. O cronograma deve ser definido nos próximos dias entre estados e o Ministério da Saúde, após avaliação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Num primeiro momento, a vacina vai ser destinada a públicos específicos”, explica. O Ministério da Saúde está trabalhando em parceria com comitê de especialistas e estados para elaborar um protocolo de vacinação para avaliar quais os públicos deverão receber a vacina. 

De acordo com o Ministério da Saúde, até o momento, o Brasil registra 8.270 casos confirmados de varíola dos macacos nos estados de São Paulo (3.820), Rio de Janeiro (1.117), Minas Gerais (514), Distrito Federal (263), Goiás (503), Bahia (116), Ceará (332), Rio Grande do Norte (93), Espírito Santo (88), Pernambuco (154), Tocantins (10), Amazonas (147), Acre (1), Rio Grande do Sul (226), Mato Grosso do Sul (130), Mato Grosso (88), Santa Catarina (293), Paraná (227), Pará (44), Alagoas (13), Maranhão (19), Paraíba (30), Piauí (15), Roraima (4), Rondônia (7), Amapá (2) e Sergipe (14).

A coordenadora da Comissão de Controle de Infecções do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Caroline Deutschendorf, avalia que a taxa de contágio do Monkeypox é pequena no Rio Grande do Sul. “A gente tem pouquíssimos casos relativamente ao resto do país e do mundo”, observa. Com relação à vacina, a infectologista afirma que o número de doses adquiridas pelo Ministério da Saúde é reduzido. “São pouquíssimas doses, que vão ser direcionadas para estudar melhor a eficácia da vacina”, destaca.

De acordo com Caroline, grupos específicos devem receber as poucas doses do imunizante. “Vão ter alguns grupos prioritários, principalmente pós a exposição ao contato íntimo com alguém com a doença confirmada e alguns grupos de maior risco de doença grave”, completa. A especialista afirma que a vacina “já é mais antiga”. “Já se sabe que funciona, mas tem que ser validada na população brasileira, que desde a década de 1970 não recebe nenhuma vacina para a varíola. Isso vai ter que ser revalidado. Então eles vão usar grupos de risco, que são realmente são os mais afetados pela doença”, frisa. 


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