Distanciamento social e medidas de segurança estão em queda no dia a dia de Porto Alegre

Distanciamento social e medidas de segurança estão em queda no dia a dia de Porto Alegre

Secretário-adjunto de Saúde acredita que população possa estar menosprezando gravidade da Covid-19

Gabriel Guedes

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Em um momento crucial de enfrentamento à pandemia, em que as autoridades de Porto Alegre têm pedido para os moradores reforçarem os cuidados, como o uso de máscara, o distanciamento social e as saídas de casa apenas para o necessário, o que se observa nas ruas é um comportamento variado em bairros distintos da Capital. Em alguns, o descuido nas aglomerações é facilmente observado. Em outros, pessoas que fazem exercícios físicos têm tornado o uso de máscara como algo facultativo. O secretário-adjunto de Saúde de Porto Alegre, Natan Katz, acredita que a pessoas estejam cansadas das medidas restritivas e ao mesmo tempo menosprezando a gravidade da doença.

Em Ipanema, na manhã desta quinta-feira, o Correio do Povo observou grande parte dos frequentadores utilizando máscaras e fazendo atividades físicas solitárias na orla. Mas, segundo o servidor público aposentado Renato Gomes de Oliveira, 53 anos, que mora no bairro da zona Sul, o problema tem sido nas tardes de domingo, quando muitos jovens têm aparecido em aglomerações e sem máscara. “Estamos há quatro meses de molho. Mas faz dois dias que voltei a caminhar. Sempre tomando os cuidados. No dia de semana, aqui, o pessoal tem respeitado mais”, conta. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Segurança da Capital, de março a junho, foram recebidos 3.741 chamados, com denúncias de todos os tipos sobre a Covid-19, como aglomerações e comércios abertos ou funcionando sem cumprir as medidas.

Para o secretário-adjunto, o começo da pandemia causou maior impacto. “Lá em março tivemos um momento importante, com bastante medo e altos índices de isolamento social. Mas desde o início de junho, com o crescimento de casos, uma parte das pessoas não está seguindo a orientação de ficar em casa. Desde a semana passada, o índice de isolamento social vem caindo”, observa. E, de fato, basta percorrer as ruas de Porto Alegre para constatar que as pessoas seguem frequentando as ruas, algumas para dar conta de compromissos, outras simplesmente por distração ou lazer.

No bairro Cavalhada, na avenida Otto Niemeyer, lotéricas, Correio e bancos têm costumado reunir grande número de pessoas. Em uma galeria, onde há Correio e lotérica, inclusive um aviso sonoro tem alertado os clientes a respeitar o distanciamento na fila e o uso de máscara, sob o risco de fechar o local. Em frente, o taxista Ivan Balzan, 50 anos, tem vendido máscaras que ele e a esposa fazem. “Com as corridas de táxi fracas, foi a alternativa que deu. Em março eu vendia até 20% a mais do que agora. Hoje vendo entre 70 e 80”, conta. Os produtos são vendidos por R$ 5. “Tem gente que ainda não se conscientizou. Vejo sempre as pessoas entrando no banco sem máscara e colocando só na hora de usar o caixa”, revela.

Para Katz, o quadro atual é difícil e não há uma explicação única. “É um misto de fadiga e meio que de não acreditar na gravidade da situação. Como a gente sempre tem conseguido chegar a ter leitos de UTI, as pessoas acham que vai ser sempre assim. Mas estamos num risco cada vez maior de não dar conta”, lembra.
 


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