Duplicação melhora condições da BR 101 e reduz acidentes

Duplicação melhora condições da BR 101 e reduz acidentes

Rodovia precisa de alguns itens de sinalização para ser totalmente entregue no RS

Karina Reif / Correio do Povo

BR 101 ainda precisa de placas de sinalização

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Faltam poucos detalhes, como instalação de alguns itens de sinalização, para que a duplicação da BR 101 no trecho Rio Grande do Sul seja totalmente entregue à população. A reportagem do Correio do Povo percorreu quase 90 quilômetros, do km 0, no rio Mampituba em Torres, até o km 88,5, em Osório, para verificar as condições da rodovia. A criação de uma nova pista em cada um dos sentidos tem gerado uma mudança de hábito dos motoristas e alteração na característica das fatalidades. O volume total de acidentes caiu 23% de 2011 para 2012. Como as ultrapassagens diminuíram, o número de colisões frontais sofreu drástica queda.

No entanto, as saídas de pista e os atropelamentos aumentaram. Se antes da duplicação a marca histórica de mortes de pessoas atingidas por veículos era quatro por ano, após a conclusão das obras, no ano passado, houve 11 vítimas fatais. “É um fator que nos preocupa e temos desenvolvido ações de educação de trânsito. É também uma questão cultural, e as pessoas precisam se adaptar à utilização das passagens de pedestres. Eu já vi uma senhora com uma criança no colo andando embaixo da passarela”, observa o chefe operacional da 3° Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que atende à região, Alexandre Bergamaschi Boff. Ele ressalta a importância da prudência, porque, desde a duplicação, ficou mais difícil atravessar a rodovia. “Antes eram apenas duas faixas, agora são quatro e até oito, por causa das vias laterais. A velocidade dos veículos também aumentou, antes era 80 km/h e hoje são 100 km/h.”

Na avaliação do caminhoneiro Marinho Luiz Carlos, 60 anos, a estrada poderia ter mais passarelas aos pedestres. Dessa forma, eles ficariam mais protegidos e os condutores também. “Tem morrido muita gente aqui no km 25”, declara. O engenheiro do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e coordenador de Gerenciamento da BR 101, Ricardo Daudt, explica que no projeto foram feitos estudos para identificar os locais com mais quantidade de pedestres e necessidade de travessias especiais. Com base nesse estudo, foram criadas cinco passarelas (km 31,47, km 88,74, km 93,12, km 97,89 e km 98,86), além de oito passagens inferiores, tanto a pedestres como para veículos (cinco para transeuntes e três com dupla finalidade).

Na opinião dele, um dos principais motivos para acidentes desse tipo é a distração. “Por ser pista dupla, não há por que ter aumentado o atropelamento. Eles acontecem mais nos perímetros urbanos, à tarde e à noite, nos finais de semana”, salienta.

A duplicação da rodovia fez mudar a cultura das pessoas que transitam no Litoral Norte. Conforme a PRF, desde a finalização das obras, em dezembro de 2011, aumentou o fluxo de veículos em 40%. Somente pelo túnel do Morro Alto passam 18 mil carros/dia. Bergamaschi disse que quem vai para destinos a partir de Capão da Canoa tem optado pela BR 101, em detrimento da Estrada do Mar. São dez km a menos.

Rodovia fica às escuras à noite


A população que transita à noite pela BR 101, no Litoral Norte, reclama da falta de iluminação. As luminárias foram instadas em toda a rodovia, porém, em alguns pontos, estão apagadas. Segundo o Dnit, os equipamentos foram entregues e a responsabilidade pelo pagamento das contas é das prefeituras.

O caminhoneiro Rodrigo Pereira Tavares, 27 anos, considera que a fluidez da rodovia melhorou muito desde a duplicação. Ele só reclama de ficar às escuras. “Está tudo apagado”, diz.

O presidente da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), Luciano Pinto da Silva, declara que as prefeituras não têm recursos para pagar a conta. “Os municípios estão endividados. Buscamos alternativas e verba federal”, justifica. Conforme ele, a falta de iluminação ocorre de Três Cachoeiras a Torres. Em Maquiné, por exemplo, o valor da conta só na estrada é superior ao gasto pela prefeitura em toda a cidade, segundo Silva.

A associação tem ainda outra preocupação. “Não queremos que a rodovia se torne um corredor para Santa Catarina e que a clientela de estabelecimentos no nosso litoral diminua”, salienta. Para isso, o presidente da Amlinorte explica que já estão sendo pensados projetos para estimular o turismo na orla gaúcha.

Caminhoneiro há 30 anos, Vanderlei Evaldt, 50, também reclama. Na opinião dele, a BR 101 deveria ter sido duplicada 20 anos atrás. Portanto, considera obsoleta a obra de melhoria. “A estrada já está superlotada”, resume. Apesar disso, ele avalia que as condições de trafegabilidade estão boas.


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