“Elas na Medicina”: um evento para homenagear as mulheres da saúde

“Elas na Medicina”: um evento para homenagear as mulheres da saúde

Eventos celebram o mês da mulher e os 50 anos da Medtronic

Correio do Povo

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No mês da mulher, para celebrar as conquistas em equidade de gênero e dar o início às comemorações dos 50 anos da Medtronic, uma das maiores empresas de tecnologia, serviços e soluções médicas do mundo, faz uma homenagem a elas. De 8 a 23 de março, numa série de eventos gratuitos, a empresa mostrará a história de médicas que se destacaram em áreas dominadas por homens. O objetivo é mostrar as imensas oportunidades de crescimento para as mulheres em especialidades com maior participação masculina, como a neurocirurgia, urologia, coloproctologia, entre outras.  

Os painéis contarão com a participação  de renomadas médicas brasileiras que estão fazendo a diferença na saúde do País. Elas falarão sobre os desafios na medicina e como foi possível superá-los durante toda a carreira. O evento será mediado no dia 8 pela experiente jornalista Lucia Helena de Oliveira, uma das mais aclamadas do país, que também desbravou uma área extremamente masculina no jornalismo científico, criando a Revista Superinteressante e depois a Revista Saúde é Vital (hoje é Veja Saúde). 

Segundo a executiva Andréa Gomes, líder do comitê de equidade de gênero na Medtronic Brasil, diversidade e inclusão sempre ocuparam um lugar importante na pauta da empresa, está na Missão da Medtronic. Depois de grandes conquistas como chegar a 49% de posições de liderança ocupadas por mulheres, entendemos que é o momento de avançar ainda mais, incluindo iniciativas voltadas para a conscientização sobre papel do homem em relação à igualdade de gênero.  

Uma das presenças ilustres é a cirurgiã Angelita Gama, de 87 anos, a primeira mulher a fazer residência em Cirurgia Geral e Coloproctologia no Hospital das Clínicas da FMUSP e também a estagiar nessa especialidade no St. Mark’s Hospital, na Inglaterra, além de ter sido a primeira a chefiar o Departamento de Cirurgia da FMUSP. Segundo ela, seus pais resistiram no primeiro momento, queriam que ela fizesse o magistério, a exemplo de suas irmãs. “Insisti e prestei o vestibular. Quando ingressei na faculdade havia desequilíbrio numérico entre os gêneros, pois constituíamos menos de 10% dos alunos”, conta a especialista, ainda em atuação. 

Outra pioneira é a médica Nancy Denicol, a primeira mulher a trabalhar com urologia no Rio Grande do Sul e uma das pioneiras no país – prestou prova para ingressar na Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em 1977 ao lado de outra única médica paulista. “Nos anos 70, isso significava atender, entre outros casos, homens com problemas de impotência e disfunção erétil — até hoje tabus. Ouvia muita piada na época”, diz a especialista aposentada.  

Em pleno ano 2000, a médica Gisele Coelho, neurocirurgiã pediatra e uma das painelistas do evento, relembra com ressentimento das frases preconceituosas ouvidas no período da Residência. “Essa área não é para mulher”. Ela pensou em desistir, mas o propósito de ajudar pessoas e o comprometimento de fazer a diferença na saúde falaram mais alto na hora de tomar a decisão. 

 A especialista realmente fez a diferença e será lembrada na história da neurocirurgia pediátrica. Ela desenvolveu o primeiro simulador ultrarrealista de cirurgia em bebês e recebeu o prêmio internacional pela Federação Mundial de Sociedades de Neurocirurgia (WFNS, na sigla em inglês). Também fez a única cirurgia de separação de gêmeas siamesas no Brasil, um procedimento altamente complexo, o qual teve 100% de êxito.  

Dados ainda críticos 

Embora o número de mulheres na medicina tenha aumentando, segundo levantamento da quarta edição da Pesquisa Demografia Médica no Brasil 2018, realizada pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), além do preconceito, ainda existe diferença na remuneração entre homens e mulheres.  

Em todos os cenários analisados, a chance de os profissionais homens receberem mais do que as colegas mulheres é maior. Em três categorias salariais mais baixas o percentual de mulheres é de quase 80%, já nas três categorias mais bem remuneradas a prevalência masculina é de 51%. 

Isso sem falar no número de médicas negras. É o caso da médica Thelma Assis, que ficou conhecida por participar do BBB, foi a única negra numa turma de cem alunos de Medicina. A Dra. Magna Profeta é negra e cirurgiã coloproctologista, além de professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é tem algumas histórias de preconceito.  

“Na época da residência, eu era a única mulher. A gente acaba se acostumando com a pressão de ser mulher e negra, sempre tive que ser mais perfeita que os outros, mostrar o quanto sabia. Até hoje ouço absurdos. Outro dia, no quarto do hospital, passando para ver o paciente, me perguntaram se eu iria limpar o quarto. Respondi que sabia até operar também. É um caminho árduo, mas que vale a pena”, conta.  

Serão 4 eventos virtuais, voltados para mulheres na medicina, nos dias 08, 15, 22 e 29/03 (todas às segundas-feiras), das 19h às 20h.  

Confira abaixo a programação do evento: 

08/03 - Elas quebraram o telhado de vidro, com:

- Dra. Angelita Gama
- Dra. Magda Profeta
- Dra. Nancy Denicol
- Dra. Elenir Nadalin 

Moderadora: Lúcia Helena, jornalista do UOL 

 15/03  -  Não é sobre idade, é sobre garra: cases sem rótulos, com:

- Dra. Luciana Ferrer
- Dra. Luciana Guimarães
- Dra. Gisele Coelho
- Dra. Daniela Ponce
Moderadora: Tayná Leite ONU Mulheres 

22/03 - Apoio e união: a importância de estarmos juntas para salvar vidas, com:

- Dra. Maria Cristina Maya
- Dra. Marcela da Cunha Sales
- Dra. Karin Anzolch
- Dra. Vanessa de Holanda
Moderadora: Jaqueline Escotero World Courier AmerisourceBergen 

29/03 - Somos o futuro: o papel fundamental da mulher no futuro da medicina, com:

- Dra. Lenises de Paula
- Dra. Sthela Regadas
- Dra. Audrey Tsunoda
- Dra. Paula Poletti
Moderadora: Adriana Carvalho - Ernst & Young 

 

 

 


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