Em greve, funcionários dos Correios realizam sopão para moradores de rua

Em greve, funcionários dos Correios realizam sopão para moradores de rua

Categoria começou paralisação no dia 17 de agosto

Cláudio Isaías

Sopão foi preparado na sede do Sindicato dos Trabalhadores de Correios

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Os funcionários dos Correios, que estão em greve por tempo indeterminado, prepararam um sopão para oferecer a pessoas em situação de vulnerabilidade social. A refeição foi organizada começo da tarde desta terça-feira na sede do Sindicato dos Trabalhadores de Correios (Sintect/RS), na zona Norte da Capital e distribuída para pessoas que vivem nas ruas e que estavam circulando na região do Mercado Público. A greve da categoria começou no dia 17 de agosto e os trabalhadores, por unanimidade, decidiram permanecer paralisados por tempo indeterminado. 

O secretário-geral do Sintect/RS, Alexandre Nunes, disse que a proposta da direção dos Correios é inaceitável e acaba com o acordo coletivo dos trabalhadores. "A nossa luta é pela manutenção das conquistas garantidas no nosso acordo coletivo", ressaltou. Segundo Nunes, durante a pandemia da Covid-19, os serviços cresceram mais de 20% enquanto o número de trabalhadores diminuiu. "A empresa tem exigido que os funcionários trabalhem aos sábados e domingos, sobrecarregando e expondo ainda mais os trabalhadores ao coronavírus", explicou. Conforme Nunes, a greve é em defesa dos direitos dos trabalhadores e contra as privatizações.

Segundo Nunes, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira passada, quando os ministros votaram por 10 a 0 contra os trabalhadores, não deixou outra alternativa a categoria que não fosse a paralisação. “O STF contradisse uma decisão de instância superior (o TST) e tirou a validade do acordo coletivo por dois anos. É lamentável que neste momento de pandemia, com os trabalhadores e a população necessitando tanto de serviços essenciais, tanto o Supremo quanto a empresa não tenham a sensibilidade de prorrogar o acordo para 2021, conforme já havia decidido o TST em 2019”, acrescentou.

Nesta quarta-feira, os trabalhadores dos Correios farão uma concentração no prédio sede da empresa na rua Siqueira Campos, no Centro Histórico, seguida de caminhada pelas ruas e assembleia em frente ao prédio antigo do Correios, na praça da Alfândega. Os trabalhadores farão ainda o recolhimento de agasalhos e alimentos não perecíveis para doação às comunidades carentes. Amanhã, os trabalhadores em greve serão convidados a participar da doação de sangue, dentro da Campanha Nacional de Doação de Sangue.

A direção dos Correios informou que têm preservado empregos, salários e todos os direitos previstos na CLT, bem como outros benefícios dos empregados. A paralisação parcial da empresa, em meio à pandemia da Covid-19, traz prejuízos financeiros não só aos Correios, mas a inúmeros empreendedores brasileiros, além de afetar a imagem da instituição e de seus empregados perante a sociedade. Os Correios esperam que os empregados que aderiram ao movimento, cientes de sua responsabilidade para com a população, retornem ao trabalho. 

No final de semana, a empresa realizou a entrega de mais de 1,2 milhão de cartas e encomendas em todo o país. A ação contou com o reforço de empregados da área administrativa e de veículos extras. Além disso, a empresa realizou a triagem de 4,7 milhões de objetos postais. O ritmo das entregas prossegue durante a semana, de forma a manter a qualidade operacional e minimizar o impacto aos clientes, durante a paralisação parcial dos empregados. Em todo o Brasil, a rede de atendimento segue aberta e os serviços, inclusive o Sedex e o PAC, continuam disponíveis. As postagens com hora marcada permanecem temporariamente suspensas - medida em vigor desde o anúncio da pandemia.


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