Em média diária, uma pessoa morre por Covid-19 desde primeiro óbito pela doença em Porto Alegre

Em média diária, uma pessoa morre por Covid-19 desde primeiro óbito pela doença em Porto Alegre

Como símbolo da escalada, óbitos de 19 de junho a 5 de julho representam 34,3% do total

Felipe Samuel

Capital é a cidade que registra mais mortes no Estado

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Desde a primeira morte por conta do novo coronavírus em Porto Alegre – registrada em 24 de março –, em média 1,117 pessoa perdeu a vida na cidade em decorrência da Covid-19. Na sábado, após 102 dias, a Capital atingiu a marca de 114 óbitos, conforme atualização da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Somente nos cinco primeiros dias de julho foram 22, uma média de 4,4 mortes por dia. E, apesar da elevação constante das taxas de ocupação das Unidades de Tratamento Intesivo dos hospitais e das recomendações diárias da Prefeitura para que a população evite circular, o movimento ainda é recorrente nas principais vias. 

Ainda na sexta-feira, o fluxo de veículos e a circulação de pedestres em bairros como Moinhos de Vento, Independência, Bom Fim, Centro Histórico, Partenon e Sarandi revelam que boa parte da população segue nas ruas ignorando a pandemia da Covid-19. Na avenida Independência o trânsito intenso deixou as duas pistas da via destinadas a veículos lotadas. No Centro Histórico, na rua Voluntários da Pátria, pedestres se acumulavam em meio a ambulantes nas calçadas. Na zona Norte, nas avenidas Sertório e Assis Brasil, o movimento acentuado no final da tarde, com carros principalmente da região Metropolitana, em nada lembrava a necessidade de isolamento social.

E a falta de adesão ao isolamento dos moradores expõe uma nova tendência da doença na Capital. De acordo com dados do Painel Transparência da prefeitura, em um período de 14 dias - de 19 de junho a 5 de julho - houve avanço significativo do número de óbitos. Em duas semanas, a Capital registrou 35 mortes, ou seja, 34,3% do total. O número de mortes no período é equivalente aos meses de abril (13) e maio (23), que somados contabilizam 36 óbitos. Como sinal da escalada do novo coronavírus na cidade, em 28 de junho, houve maior número de mortes no mesmo dia, sete.

Para tentar conscientizar parte da população que ainda ignora as recomendações de autoridades da saúde para permanecer em casa, a prefeitura passou a monitorar a adesão ao distanciamento social em Porto Alegre com o índice InLoco, que é uma ferramenta online que apresenta estatísticas da movimentação de cerca de 540 mil usuários de celular da Capital. De acordo com a plataforma, o maior índice de distanciamento social ocorreu em 31 de março, quando houve 55% de adesão (índice considerado desejado), com a entrada de 37.720 veículos na cidade, transporte de 198.644 passageiros e circulação de 154.574 mil automóveis.

A atualização efetuada na sexta-feira acendeu o sinal de alerta na prefeitura, uma vez que apontou adesão de 45,9% da população, com ingresso de 46.697 veículos, transporte de 267.944 passageiros e circulação de 204.956 automóveis. Conforme o InLoco, o nível desejado para evitar a disseminação do vírus é a entrada de até 40 mil carros, transporte de até 200 mil passageiros e circulação de no máximo 200 mil veículos. O InLoco informa que os números são gerados pelo sinal emitido por dispositivos móveis em deslocamento dentro de centenas de pequenos núcleos com raio de 450 metros cada um, forma como o sistema divide o mapa da cidade.

Aumento de casos de Covid-19 impacta profissionais da saúde

Responsável técnica pelo Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do Hospital Conceição e Criança Conceição, a epidemiologista Ivana Varella explica que o aumento de casos de Covid-19 exige atualização constante dos protocolos de atendimento dos profissionais de saúde. "Precisamos de adequação dos protocolos de atendimento diante do cenário epidemiológico atual. Com aumento do número de casos na comunidade, aumentam as hospitalizações e número de profissionais afetados pela doença", destaca.

Ivana observa que o hospital vem buscando trabalhar a adaptação de protocolos e estratégias de retorno dos profissionais. "A pandemia afeta serviços de saúde e profissionais de saúde. Estamos nos adequando a esse novo cenário", afirma. Ela frisa que a importância de a a população atender às recomendações de cuidados com higiene e de distanciamento social para impedir a disseminação do vírus. "Mais do que nunca ligou sinal de alerta", completa.

 

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