Emergências seguem superlotadas na Capital gaúcha
Seriam necessários 600 novos leitos para desafogar o sistema, afirma o coordenador do Hospital de Clínicas
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No Complexo Hospitalar Santa Casa, o quadro não era diferente. No Hospital Santa Clara, 23 pacientes ocupam o espaço idealizado para oito. Já no Hospital da Criança Santa Antônio, a emergência do Sistema Único de Saúde registra dois excedentes e a de convênios e particular foi fechada por precaução. Mesma medida foi adotada na emergência de convênios e particular para adultos do Hospital Dom Vicente Scherer, que tem uma média de 2,1 pacientes por leito disponível.
Já no Hospital São Lucas, da PUCRS, há 26 pessoas em espaço destinado a 15. A direção do Instituto de Cardiologia decidiu retomar o fechamento do Setor de Emergência/SUS a partir do final da noite de ontem, quando 32 enfermos ocupavam área projetada para apenas dez. Na unidade de convênios e particular, o tempo de espera por uma consulta estava próximo de 4 horas. Devido à greve dos médicos residentes, as consultas no Ambulatório/SUS estão sendo remarcadas.
O aposentado Arno Willy Otto Quednau, 82, que tinha atendimento agendado para hoje, ao chegar para a consulta descobriu que somente teria acesso a um médico às 16h do dia 22 de dezembro. “Meu pai tem sério comprometimento cardíaco e está sendo prejudicado por uma greve”, lamentou a filha de Arno, dona de casa Miriam Quednau, 55.
O coordenador do Serviço de Emergência do Clínicas, médico Luiz Nasi, destacou a necessidade de investimentos para a abertura de novos leitos na região Metropolitana - o déficit é estimado em 600. “Nós queremos abraçar o Hospital Independência, mas por questões políticas não conseguimos”, lamentou.
Nasi afirmou que o fim do caos das emergências está atrelado a decisões “práticas, imediatas e efetivas”. Nasi ainda lamentou que as cirurgias eletivas temporariamente suspensas estejam prejudicando pessoas que estão há mais de seis meses aguardando pelo procedimento.
Nos arredores do Clínicas, é constante a presença de elevado número de ambulâncias, micro-ônibus, vans e ônibus estacionados no entorno da Praça Major Joaquim de Queiroz, no bairro Santana. Todos os veículos, devidamente identificados com a logomarca das prefeituras do Interior, fazem o transporte de enfermos na prática apelidada de “ambulancioterapia”.
“Despejam pacientes nos hospitais da Capital, muitas vezes para tratamentos sem grande complexidade, mas que não é disponibilizado nas suas cidade de origem”, comentou a acadêmica de Medicina da Ufrgs, Julia Melim, que reside nas imediações da praça.