Empresa é investigada pelo Dmae, funcionando desde 2004 de forma clandestina

Empresa é investigada pelo Dmae, funcionando desde 2004 de forma clandestina

Fepam ainda busca esclarecimentos para mudança de sabor e cheiro da água em Porto Alegre

Cíntia Marchi

Fepam ainda busca esclarecimentos para mudança de sabor e cheiro da água em Porto Alegre

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Uma empresa de tratamento de efluentes, localizada no bairro Navegantes, em Porto Alegre, foi notificada hoje pelas secretarias municipais do Urbanismo (Smurb) e da Produção, Indústria e Comércio (Smic) pela ausência de uma série de licenças. Atuando na rua Frederico Mentz desde 2004, a Cettraliq entrou no foco das atenções porque há indícios de que os problemas de odor e gosto na água têm origem naquela região. No dia 27 de junho, a Fepam coletou amostra de água dentro dessa empresa. O resultado das análises serão divulgados na segunda-feira.

O secretário-adjunto da Smurb, Heraldo Verissimo Arnt, diz que a notificação por parte da secretária se baseou na ausência da licença de construção, já que foram verificadas obras de pavilhões, tanques de decantação e lagoas sem autorizações prévias da prefeitura. A empresa também não tinha alvará de localização e funcionamento, nem passou por Estudo de Viabilidade Urbanística. O Habite-se daquele endereço, segundo Arnt, era do ano de 1938. “Provavelmente, quando foi aberta, a empresa se valeu das cartas de habitação de uma antiga fábrica de tecelagem”, acrescenta o secretário. Sobre o fato de a prefeitura ter detectado as irregularidades só agora, Arnt diz que as fiscalizações são restritas praticamente à denúncias, já que são apenas 15 fiscais atuando no órgão. “Temos um problema estrutural”, reconhece.

Ao receber as notificações, a empresa tem 30 dias para se manifestar. Depois desse prazo, a prefeitura analisa a defesa e decide se é ocaso de autuação ou até de interdição. No site da Cettraliq, uma nota assinada pelo departamento técnico diz que a empresa “adota as melhores tecnologias disponíveis, cumpre com os padrões fixados na legislação ambiental, é licenciada e fiscalizada pela FEPAM, e vistoriada pelos demais órgãos ambientais" e que "os efluentes tratados, lançados na rede de esgotos, não contém elementos capazes de causar o impacto sentido, neste período, nas águas do município”.

Paralelo a esse trabalho das secretarias, representantes da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) entregaram ontem uma carta aberta à prefeitura de Porto Alegre e ao governo do Estado cobrando soluções imediatas para a resolução do problema da água, que se arrasta desde maio. O documento foi entregue ao prefeito José Fortunati, que repassou a carta ao diretor do Dmae, Elisandro de Oliveira. A entidade quer que, de imediato, todas as fontes poluidoras que despejam substâncias no Guaíba interrompam esse processo.

Na carta, a Agapan denuncia que milhares de litros de elementos químicos altamente poluentes, advindos de fábricas situadas à beira do Guaíba, são despejados diariamente com as permissões dos governos no manancial que abastece a população. Além disso, a associação solicita “enérgicas e definitivas soluções para o caso urgente da poluição” e questiona a falta de monitoramento dos rios pelos gestores públicos dos municípios e do Estado. Conforme o vice-presidente da Agapan Roberto Rebes Abreu, não há estudos de conhecimento da associação sobre a contaminação da água por metais pesados e agrotóxicos advindos das indústrias. A ausência de estudos na água ainda é citada no que diz respeito a situação dos rios, também industrialmente impactados, Sinos, Gravataí e Caí.

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