Enchente isola 300 moradores de Canoas

Enchente isola 300 moradores de Canoas

Acesso à Prainha de Paquetá pode ser feito somente com barcos<br />

Danton Júnior / Correio do Povo

Enchente isola 300 moradores de Canoas

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A cheia do Rio dos Sinos isolou os cerca de 300 moradores da Prainha de Paquetá, em Canoas. Desde sexta-feira, eles somente conseguem sair de suas casas em pequenos barcos. Apesar de a chuva ter dado uma trégua, o nível do rio continuou a subir durante a madrugada. O motivo é a descida das águas da parte mais alta da bacia hidrográfica, que também receberam grande volume de chuvas nos últimos dias.

Na Rua da Prainha, principal acesso à localidade, o trânsito está interrompido cerca de 200 metros antes da obra de um viaduto da BR 448. O receio dos moradores é que, com a possível abertura das comportas da barragem de Bom Retiro do Sul, o nível das águas aumente ainda mais.

“Durante a manhã a água subiu meio palmo”, calcula o agricultor Moacir de Oliveira Lopes, 45 anos. A situação incomoda os moradores da localidade, mas, segundo ele, todos já estão acostumados. Tanto que em todas as casas, construídas a pelo menos três metros do nível do rio, é comum encontrar pequenas embarcações de madeira. Em tempos de cheia do Rio dos Sinos, Lopes oferece o seu barco como meio de transporte para os vizinhos. “Não cobro nada. Uma mão lava a outra”, observa. Lopes faz o percurso cerca de dez vezes por dia e, após quatro décadas convivendo com enchentes, conhece cada atalho para navegar sobre a estrada. O que o incomoda é a possibilidade de que a energia elétrica seja cortada para evitar acidentes. “Com enchente, ficar no escuro é a pior coisa", ressalta. 
 
Nascida e criada na Prainha de Paquetá, Tereza Maria da Silva, 62 anos, já perdeu a conta de quantas enchentes enfrentou. Hoje ela mora a poucos metros do Rio dos Sinos, em uma pequena casa de madeira a três metros do chão. Se por um lado a água não entrou dentro da moradia, por outro, a deixou isolada. Sem a carona de um barco, ela sequer consegue descer as escadas da sua casa. “Desde ontem não saí mais”, conta. Na manhã de sábado, ela aproveitou a trégua dada pela chuva para tentar secar as roupas dos netos. Diabética, aguardava o remédio que deveria ser levado a ela pela Defesa Civil. Embora tenha vontade de morar em um local mais seguro, ela afirma que deverá continuar próxima ao rio de onde tira o seu sustento. “Criei meus dez filhos pescando”, explica.

 
Tereza já perdeu a conta de quantas enchentes enfrentou na prainha onde nasceu e cresceu. / Foto: Vinícius Roratto

De acordo com a Defesa Civil de Canoas, as famílias que vivem no local não foram retiradas porque a água não atingiu o nível das casas. Durante a manhã, uma equipe esteve no local.

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