Entidades do RS lançam campanha para doação de órgãos e tecidos

Entidades do RS lançam campanha para doação de órgãos e tecidos

Painéis com especialistas e transplantados abordaram procedimentos e conscientização do tema

Felipe Samuel

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Médicos, transplantados, doadores e jornalistas participaram, nesta quinta-feira, do lançamento da campanha "Diga Sim à Doação de Órgãos". A partir da conscientização da população, a iniciativa visa reduzir a lista de espera por órgãos e tecidos. Durante o dia, médicos e pacientes conversaram sobre o tema em diversos painéis, cada um com 30 minutos e transmitido via redes sociais. Sete entidades que participam da iniciativa, entre as quais a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul).

Um dos temas debatidos em um dos painéis tratou dos conflitos envolvendo a doação de órgãos. Médicos e transplantados destacam que a família do doador tem que estar confortável com a situação. Entidades como o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) defendem campanhas de conscientização nas escolas, além da necessidade de conversar sobre o tema com a família em casa. "Muitas vezes a doação de órgãos ocorre no pior momento da família. Por isso é importante discutir essa questão de doar órgãos", explica o vice-presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade.

A advogada Anália Goreti da Silva, de Campo Bom, que recebeu transplante de pulmão, disse que seu caso sensibilizou a população da cidade. Diagnosticada com fibrose pulmonar idiopática, Anália começou a sentir cansaço excessivo. Fez tratamento. Anos depois começou a sentir os mesmos sintomas e recebeu confirmação de hipertensão pulmonar. "Tive um transplante que era oriundo de um órgão saudável. Organismo se adaptou muito bem, o que não é comum, até pelo tempo de espera", lembra. "A campanha deve vir para mesa das pessoas, na hora do almoço, na sala de aula, porque podemos ser tanto sujeitos passivos como ativos dessa necessidade", completa.

A editora de política do Correio do Povo, Mauren Xavier, mediou um dos painéis do evento e conversou com o coordenador da Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, Rafael Rosa. Conforme Rosa, as campanhas de conscientização reforçam a importância da doação de órgãos e tecidos. "O momento da abordagem é sempre delicado, por isso é tão importante que haja entendimento da vontade da pessoa por parte dos seus familiares. Por isso que essa declaração (de doador de órgãos) acaba sendo um momento muito importante", avalia.

De acordo com Rosa, nos últimos anos, cerca de 50% das abordagens são negativas, principalmente porque existem dúvidas sobre como se dará o procedimento, entre outras questões. Além disso, muitas vezes as pessoas não têm conhecimento da vontade do familiar. "Todas essas campanhas de conscientização auxiliam", salienta. Ele afirma que a realização de um transplante envolve profissionais de várias áreas, que vão desde a captação do órgão até o transporte do mesmo.

Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), 2.033 pessoas aguardam por doação de órgão no Rio Grande do Sul. Durante o lançamento da campanha - que reúne a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), Ordem dos Advogados do Brasil-RS (OAB-RS), Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS), Assembleia Legislativa e a ONG De Ponto a Vírgula - presidentes de entidades publicaram, nas suas redes sociais, o certificado de doador, que pode ser feito no site do Tribunal de Justiça pelo link www.doarelegal.tjrs.js.br.


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