EPTC informa que ocorrência que motivou protesto de motoboys está sob análise

EPTC informa que ocorrência que motivou protesto de motoboys está sob análise

Mobilização ocorre após motoboy ser supostamente agredido por um agente da EPTC e ter o ciclomotor apreendido

Taís Teixeira

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A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informou nesta segunda-feira que ouviu as reivindicações da categoria de entregadores de motocicleta e bicicleta, após protesto. A autarquia destacou que não concorda com nenhuma atitude violenta e que a denúncia de suposta atitude incorreta de um dos seus servidores durante fiscalização "está em análise na empresa e que também existe uma investigação conduzida pela Polícia Civil".

Segundo nota oficial, ficou acordado que serão ampliadas ainda mais as ações de educação para o trânsito. Em contrapartida, a categoria se comprometeu a organizar formalmente a demanda e trabalhar em conjunto com a EPTC em campanhas para reduzir o número de acidentes com motos.

Com faixas, alto falante e gritos de reivindicações, motoboys e ciclistas entregadores de pedidos feitos por aplicativo protestaram no fim da tarde desta segunda-feira, em frente à sede da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), na rua João Neves da Fontoura, em Porto Alegre. A mobilização, chamada de "Nós por nós", movimento independente sem ligação a partidos políticos, ocorreu após o motoboy Paulo Roberto Severo Vieira Junior ser supostamente agredido por um agente da EPTC e ter o ciclomotor apreendido durante uma abordagem da Operação Duas Rodas na semana passada. Vieira Júnior contou que estava levando o veículo para o conserto, já que este não tinha  motor, quando foi parado na operação. O motoboy foi autuado por estar sem os equipamentos de proteção e não portar a documentação exigida, situação que culminou na retenção. 

A EPTC alega que o condutor não aceitou o recolhimento do veículo, que teve que ser colocado no guincho pelos agentes, com o acompanhamento da Brigada Militar, que participava da operação. O veículo ainda não foi devolvido ao proprietário. Cerca de 200 motoboys aproveitaram a situação e incluíram outros itens no pleito. O objetivo principal  é pedir mais respeito na fiscalização e conseguir  uma reunião com a diretoria da EPTC para explanação das questões. 

A diretora do Sindicato de Motociclistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindimoto-RS), Gabriela Gonchoroski, descreveu que o  movimento é social, coletivo e promovido pela categoria. Entre outras solicitações,  há reclamações sobre o número de multas e blitz direcionadas  à categoria, que se sente muito desprotegida. Segundo a entidade, Porto Alegre tem em torno de 25 mil motoboys e sobre para 35 mil ao ampliar para a região metropolitana.

Motoboy há cinco anos, o também delegado sindical Douglas Benites usava um nariz de palhaço e gritou à exaustão, ficando quase afônico, em prol do que acredita ser o melhor para ele e os colegas. "Houve um abuso de autoridade no exercício da função  e queremos uma providência, pois temos que trabalhar", disse, mencionando que em geral, a categoria precisa fazer uma média de 15 horas diárias para conseguir levar "arroz, feijão, carne para o sustento da família e pagar o aluguel".

Com um cartaz que dizia "Sou motoboy e não sou garçom", Maicon Cristiano Godoy, motoboy há sete anos, também protestava com as exigências dos clientes no momento da entrega. "Meu trabalho é em cima da moto, eu não sou garçom para estar servido dentro de casa, estou na rua, na chuva, no frio, no calor, exposto ao perigo e não posso dar essa comodidade de entregar na porta da casa", ressaltou.  

Foto: Fabiano do Amaral

Por volta das 18h30min, o agente administrativo da EPTC, Henrique Batista, foi até o portão e convidou um representante para se reunir com o presidente da EPTC, Paulo Ramires. Houve discussão e ânimos exaltados neste momento, pois as lideranças que exigiam a entrada de cinco integrantes das entidades presentes e, em especial, clamavam pela participação da imprensa. A reunião durou cerca de 1h30min.

O diretor jurídico do Sindimoto-RS que esteve na sessão, Felipe Carmona, resumiu o que foi tratado, dizendo que o dirigente foi solícito e que irá apurar internamente se houve, de fato, exagero do agente e, que se provado, irá tomar medidas cabíveis. "Nós do sindicato, avaliamos que houve um excesso por parte do servidor", disse. Por ora, o agente segue no exercício de suas funções. O ciclomotor recolhido deve ser devolvido, após o motoboy entregar a documentação. "Ele deve pagar multas, guincho, mas se for provado que houve excesso da abordagem, os valores serão reembolsados", antecipa. Carmona disse que estão previstos novos encontros, mas ainda não há data definida.

Foto: Fabiano do Amaral

Os motoboys circularam por algumas ruas da cidade acompanhados pela Brigada Militar, na maioria guiando motos e algumas viaturas. 

Foto: Fabiano do Amaral

 

 

 

 


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