Equipe responsável por implosão presta homenagem aos bombeiros mortos no incêndio

Equipe responsável por implosão presta homenagem aos bombeiros mortos no incêndio

Dois bombeiros morreram enquanto combatiam as chamas no incêndio em julho de 2021

Christian Bueller

Engenheiro responsável acompanhou implosão neste domingo

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Como de costume, em qualquer implosão deste porte, uma oração é feita em frente ao local que vai ser demolido. Não foi diferente na manhã deste domingo, diante da antiga sede da Secretaria de Segurança Pública (SSP). O engenheiro de minas, Manoel Jorge Diniz Dias, prestou homenagem aos dois bombeiros que morreram ao trabalharem no incêndio – tenente Deroci Almeida e sargento Lúcio Ubirajara – que atingiu a edificação em julho de 2021 e à história da própria instituição que funcionou por duas décadas ali. 

Reconhecido na área como o profissional com maior know-how do país, “Manezinho da Implosão”, como é conhecido no meio, respondeu pelas maiores implosões já realizadas no Brasil. Junto da engenheira civil Ana Paula Marino Faustino, foi o responsável técnico da ação ocorrida em Porto Alegre. “Me sinto um privilegiado por participar. Chegamos aqui sem incidentes de qualquer natureza”, relatou.

Entre seus trabalhos mais importantes estão as implosões do Edifício Palace II, no Rio de Janeiro, em 1998, da penitenciária do Carandiru, em São Paulo, em 2002 (com uma segunda etapa realizada em 2005), do Edifício Berrini, também em São Paulo, em 2008 – considerada uma das operações mais difíceis já executadas no país – e do Estádio da Fonte Nova, em Salvador, em 2010.

Segundo Dias, a figura do “medo” costuma aparecer em implosões, mas o profissional admite que houve preocupações desta vez. “Com muita humildade, fomos alertados por estudos da Ufrgs dos riscos. Esse respeito em relação à estrutura fez com que colocássemos um número inferior ao previsto”, revelou. Inicialmente, eram esperados 200 quilos de explosivos, do tipo Ibegel SSP, com cartuchos de uma polegada de diâmetro por oito polegadas de comprimento (20 cm). A informação sobre a carga total utilizada será divulgada posteriormente.

Os explosivos foram instalados em 1.184 furos horizontais em pilares do prédio com 1,02 metro de profundidade média, com 4,5 mil metros de cordel de detonante. O acionamento se deu a partir de um tubo pirotécnico de 300 metros até o ponto de detonação. 

O engenheiro agradeceu às equipes da Defesa Civil, municipal e estadual, pelo apoio aos trabalhos. “Tudo que planejamos, ocorreu. Deixo meu testemunho de satisfação, apesar da tristeza pela causa desta demolição e pelas mortes dos nossos bombeiros. Nossa solidariedade às famílias. Esta era uma imagem que representava um cartão de visitas muito triste aos porto-alegrenses. Nossa equipe se sente orgulhosa por eliminar esta imagem”, comentou Dias, agradecendo ao trabalho das instituições que participaram da implosão.

Em grau de dificuldade, a implosão do antigo prédio SSP ganhou nota 8 em comparação ao 10 dos trabalhos no Palace II, segundo Dias. “É porque lá, as condições eram muitos desfavoráveis em termos de concentração humana, quando 14 mil pessoas precisaram evacuar de 18 prédios ao lado”, lembrou.


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