Erro em pesquisa sobre estupro foi “acidente”, diz Ipea

Erro em pesquisa sobre estupro foi “acidente”, diz Ipea

Diretor da entidade participou de audiência em comissão do Senado para falar do caso

AE

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O diretor de Estudos e Políticas do Estado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Daniel Cerqueira, defendeu nesta terça-feira a postura da instituição que reconheceu o erro na pesquisa sobre percepção dos brasileiros em relação ao estupro. O equívoco, que culminou na demissão de Rafael Osório da direção do Ipea, foi um "acidente" que pode ajudar a melhorar o funcionamento do instituto, de acordo com Cerqueira.

Em audiência na Comissão de Direitos Humanos do Senado, o diretor comparou a falha do Ipea à queda de um avião, lembrando que a fatalidade serve para mudanças na indústria aeronáutica com o intuito de evitar acidentes semelhantes. Segundo Cerqueira, o Ipea vem promovendo uma revisão do controle interno de qualidade, justamente para que novos enganos desse porte não aconteçam no futuro.

No mês passado, o Ipea divulgou uma pesquisa indicando que ampla maioria da sociedade chancelava uma visão de que a postura da mulher incentiva crimes de estupro. De acordo com o levantamento do instituto, 65% dos brasileiros concordavam total ou parcialmente com a formulação de que mulheres mereciam ser atacadas quando usavam roupas que mostram seu corpo. O índice estava errado.

Após avaliação interna, o próprio Ipea informou que a taxa na verdade era de 26% -apesar de bem menor, ainda representa um em cada quatro brasileiros pensando desta forma. O alto índice de preconceito contra a forma de vestir das mulheres estourou nas redes sociais e tornou-se uma campanha de protesto. Até a presidente Dilma Rousseff comentou publicamente a necessidade de a sociedade brasileira reduzir a violência contra a mulher.

O diretor do Ipea chamou atenção para outro dado da pesquisa. De acordo com o levantamento, 58,5% dos entrevistados concordam que haveria menos estupros se as mulheres soubessem se comportar - outro preconceito nítido. "Há uma inversão de papéis entre vítimas e culpados. A culpa passa a ser da vítima e não do algoz", apontou Cerqueira.

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