Escola abriga atingidos pela cheia na Ilha Grande dos Marinheiros

Escola abriga atingidos pela cheia na Ilha Grande dos Marinheiros

Classes acomodam roupas e cadeiras servem de divisórias entre colchões

Mauren Xavier

Em meio aos livros, estão roupas arrecadadas

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Durante o ano letivo, as salas de aula da Escola Estadual Alvarenga Peixoto, na Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre, recebem estudantes nos três turnos. Porém, há mais de uma semana, não há aulas nestas salas. As cadeiras servem de divisórias entre os colchões. As classes são usadas para acomodar as roupas e os poucos itens pessoais que sobraram após a enchente que atingiu a região das ilhas. A sala de estudos de matemática e ciências foi adaptada para receber as doações. Em meio aos livros, estão roupas arrecadadas. Junto ao quadro negro ficam encostados os colchões e cobertores.

A única área que não sofreu alterações foi a cozinha, que continua servindo para a mesma finalidade. Porém, ao invés de merendeiras, os voluntários Nazaré da Silveira Nunes, Josiane Pereira e André da Rosa preparam o achocolatado e separavam os sanduíches.

Essa tem sido um pouco da rotina na escola, que se tornou o abrigo para mais de 180 pessoas desde que o nível do rio Guaíba subiu e a água invadiu casas sem piedade, obrigando as famílias a deixarem às pressas as suas casas, há mais de uma semana. Mas apesar do desconforto e da situação de improviso, o clima amistoso e de companheirismo prevalecem. Na prática, isso ameniza um pouco as dificuldades. “Estamos todos juntos. Somos vizinhos e aqui tentamos ajudar um ao outro”, comentou Nazaré da Silveira Nunes, que há 58 anos mora na região da Ilha dos Marinheiros.
Para manter a organização, as tarefas foram divididas. Além disso, as doações, como roupas e colchões, é ordenada, para garantir que todo mundo pegue o que realmente necessita.

Acostumados com as características das estações do ano, os desalojados contam os dias para voltar as suas casas. Ao mesmo tempo, predomina o receio com os próximos meses. Segundo a tradição popular, deve chover muito até o dia 30 de setembro, dia de São Miguel. “Até lá, será muita chuva”, comentou Liane Farias, uma das responsáveis por organizar o abrigo na escola. Ela teve que sair de casa, localizada na área norte da ilha dos Marinheiros, por causa da enchente. Ela e a família também estão abrigados na escola.

Se por um lado a assistência social tem sido ágil, Liane reclama de outras dificuldades, em especial o que se refere à saúde. Apesar de a escola estar localizada ao lado de um posto de saúde, o atendimento só vai até às 16h. “Seria bom ter alguém que ficasse até mais tarde, porque têm muitas pessoas adoecendo agora em função do frio”, comentou ela.

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