Escola abriga atingidos pela cheia na Ilha Grande dos Marinheiros
Classes acomodam roupas e cadeiras servem de divisórias entre colchões
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A única área que não sofreu alterações foi a cozinha, que continua servindo para a mesma finalidade. Porém, ao invés de merendeiras, os voluntários Nazaré da Silveira Nunes, Josiane Pereira e André da Rosa preparam o achocolatado e separavam os sanduíches.
Essa tem sido um pouco da rotina na escola, que se tornou o abrigo para mais de 180 pessoas desde que o nível do rio Guaíba subiu e a água invadiu casas sem piedade, obrigando as famílias a deixarem às pressas as suas casas, há mais de uma semana. Mas apesar do desconforto e da situação de improviso, o clima amistoso e de companheirismo prevalecem. Na prática, isso ameniza um pouco as dificuldades. “Estamos todos juntos. Somos vizinhos e aqui tentamos ajudar um ao outro”, comentou Nazaré da Silveira Nunes, que há 58 anos mora na região da Ilha dos Marinheiros.
Para manter a organização, as tarefas foram divididas. Além disso, as doações, como roupas e colchões, é ordenada, para garantir que todo mundo pegue o que realmente necessita.
Acostumados com as características das estações do ano, os desalojados contam os dias para voltar as suas casas. Ao mesmo tempo, predomina o receio com os próximos meses. Segundo a tradição popular, deve chover muito até o dia 30 de setembro, dia de São Miguel. “Até lá, será muita chuva”, comentou Liane Farias, uma das responsáveis por organizar o abrigo na escola. Ela teve que sair de casa, localizada na área norte da ilha dos Marinheiros, por causa da enchente. Ela e a família também estão abrigados na escola.
Se por um lado a assistência social tem sido ágil, Liane reclama de outras dificuldades, em especial o que se refere à saúde. Apesar de a escola estar localizada ao lado de um posto de saúde, o atendimento só vai até às 16h. “Seria bom ter alguém que ficasse até mais tarde, porque têm muitas pessoas adoecendo agora em função do frio”, comentou ela.