Especialista argentino diz que Buenos Aires passa por tropicalização
Fenômeno é contestado pela MetSul Meteorologia
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A onda de calor é um fenômeno característico do mês de janeiro e é caracterizada pela ocorrência de pelo menos três dias seguidos com temperatura mínima de 23°C. Nos últimos dias, a cidade vive um momento desses. Nessa terça-feira, por exemplo, a temperatura era de 25º°C às 5h.
Canziani destacou que “o futuro pode ser pior”. “A mudança climática está acontecendo em todo o planeta, e na cidade de Buenos Aires já ocorrem essas alterações. Por isso, devemos nos preparar e tomar medidas agora, que precisarão da colaboração de toda a população”, acrescentou. O especialista declarou ainda que esse tipo de fenômeno está associado ao aumento das temperatuas mínimas, médias e máximas na região.
Por outro lado, o meteorologista Eugenio Hackbart, da MetSul Meteorologia, descreveu a afirmação de que Buenos Aires estaria se tropicalizando como uma “asneira”. Hackbart ressaltou que dados históricos dos últimos cem anos de estações meteorológicas de outras estações do Centro da Argentina mostram tendência até de resfriamento em algumas localidades nas últimas décadas – como em Bahia Blanca, ao sul da província de Buenos Aires.
“Que aquecimento global é esse que é seletivo nas cidades ao atuar ou não em localidades de uma mesma região?”, indagou. “O grande fator para o aquecimento do último século em Buenos Aires e outras cidades próximas da área metropolitana é a urbanização”, diz. O meteorologista recorda outras grandes cidades da América do Sul tiveram aquecimento semelhante ao da capital argentina nos últimos cem anos devido à substituição de áreas verdes por construções.
De acordo com o diretor-geral da MetSul, cogitar-se que o Rio Grande do Sul se encaminha para um processo de tropicalização do clima é um absurdo tão grande quanto sustentar-se que Buenos Aires virou uma cidade tropical. Eugenio Hackbart destacou que acaba de ser publicado um estudo amplo sobre o clima do Rio Grande do Sul, aprovado com louvor no programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que desbanca alguns mitos que se criaram nos últimos anos sobre impacto do aquecimento global no território gaúcho.
A tese da pesquisadora Maíra Suertegaray Rossato, citada por Hackbart, analisou a evolução do clima do Estado entre os anos de 1931 e 2007 e concluiu que houve áreas do Rio Grande do Sul que aqueceram e outras que ficaram mais frias nas últimas décadas. O trabalho apontou ainda que a variabilidade natural do clima, muito influenciada pelos ciclos do Oceano Pacífico, determinou que algumas regiões do território gaúcho tivessem redução da chuva e outras um aumento das precipitações.