Estudo em hospital de Porto Alegre mostra predomínio da variante P.1 da Covid-19

Estudo em hospital de Porto Alegre mostra predomínio da variante P.1 da Covid-19

De 27 amostras analisadas no Hospital de Clínicas, 24 apresentaram infecção pela variação em fevereiro

Vitor Figueiró

Estado observa aumento nas internações desde o começo de fevereiro

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Um artigo publicado na noite desta quinta-feira, na Eurosurveillance, indica relação do crescimento da presença da variante P.1 nas internações do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) com o agravamento da pandemia de Covid-19. Realizado por um grupo de pesquisadores e epidemiologistas da Capital, o estudo analisou, ao todo, 68 amostras de pacientes da instituição divididas entre o ano de 2020 e fevereiro de 2021. Sem aparecer nas coletas do ano passado, a nova cepa apareceu uma vez em janeiro - entre 15 análises - e foi encontrada em 24 das 27 amostras do mês passado. 

Embora não seja a única razão e por ter sido analisada em uma única instituição pela publicação, a maior predominância da P.1 observada pode estar entre os motivos do crescimento de internações em todo o Rio Grande do Sul, explica o co-autor da pesquisa e doutor em matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Álvaro Krüger Ramos. "Ao longo da pesquisa, conseguimos comparar quais as diferenças entre 2020, janeiro e fevereiro deste ano. Usamos os mesmos critérios e não encontramos P.1 no ano passado. Agora, em 2021, ela aparece em janeiro uma vez; e 24 vezes dos 27 analisados", acrescentou. 

O pesquisador explica que a intenção não é indicar a predominância da variantes nos novos hospitalizados do RS, mas sim verificar que ela está num número maior em relação aos outros períodos. "O resultado é importante pois indica essa maior presença entre as coletas e trabalha com a hipótese de estar associado às novas internações. Importante reiterar que não é um estudo de prevalência, pois as amostras não foram escolhidas de forma randômica", pontuou Krüger Ramos.

Neste ano, o Estado viu um salto nos infectados e opera acima de sua capacidade hospitalar há 24 dias. Conforme dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), de 7 de fevereiro até o dia 6 de março, o número de contaminados em tratamento no Estado cresceu de 1.738 para 6.995 (3,8x) e provocou a superlotação nas instituições. 

Análises no Hospital de Clínicas de Porto Alegre:

Março a junho: 10 amostras coletadas - sem presença da P.1
Julho a dezembro: 16 amostras coletadas - sem presença da P.1
Janeiro 2021: 15 amostras - 1 P.1
Fevereiro de 2021: 27 amostras - 24 P.1

 


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