Estudo Epicovid19-RS passa a incluir novo teste em nove cidades
Nova fase de coleta, que inicia neste fim de semana, terá o acréscimo de novo método
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O Epicovid19-RS, estudo que busca estimar o número de pessoas que já contraíram o coronavírus no Rio Grande do Sul, será realizada até o dia 8 de fevereiro em nove cidades gaúchas. Na manhã desta sexta-feira, os profissionais receberam um treinamento e também definiram a divisão dos setores que foram visitados em Porto Alegre.
No período da tarde, as equipes foram realizar as entrevistas e os testes rápidos. "A ideia do trabalho é analisar a disseminação do vírus da Covid-19 no Estado", ressaltou a professora Helena Schirmer, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Segundo ela, a novidade ficou por conta da inclusão de um novo teste de anticorpos (teste de Elisa) para a Covid-19, ao lado dos testes rápidos e entrevistas que já fazem parte dos procedimentos de coleta de dados do estudo. A pesquisa terá ainda mais uma etapa em abril.
A decisão de incluir o método de testagem desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é baseado numa maior precisão do exame para identificar a presença de anticorpos para a Covid-19, especialmente em casos de infecções mais antigas. Em um estudo comparativo realizado pelos pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o teste batizado de S-UFRJ apresentou alta sensibilidade e estabilidade, em torno de 92%, para detectar anticorpos mesmo após cinco meses da infecção, enquanto os testes rápidos, já utilizados nos estudos populacionais, mostraram quedas substanciais de sensibilidade para identificar anticorpos depois de três a quatro meses da infecção.
O levantamento segue da mesma maneira das edições anteriores, ou seja, os entrevistadores coordenados pelo Instituto de Pesquisa e Opinião visitam as residências de 4,5 mil famílias em nove cidades do Rio Grande do Sul - Canoas, Caxias do Sul, Ijuí, Pelotas, Passo Fundo, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Uruguaiana. Os moradores recebem o convite para realizar os testes e responder a um questionário sobre ocorrência de sintomas e acesso aos serviços de saúde.
“Testes sorológicos, do tipo que detectam a presença de anticorpos no soro sanguíneo, são fundamentais em contextos de surtos de doenças infecciosas. Eles têm o potencial de identificar a real prevalência da infecção, permitindo que medidas como a taxa de mortalidade sejam calculadas com precisão e estratégias de enfrentamento da pandemia sejam tomadas com base em evidências”, explica a epidemiologista Mariângela Silveira, integrante da equipe de cientistas da UFPel que coordena a pesquisa.
Na prática, quase nada muda para quem participa da pesquisa. A partir de um único furo na ponta do dedo do participante, os entrevistadores coletam as amostras tanto para o teste rápido quanto para o novo. No caso do S-UFRJ, três gotas da amostra sanguínea são depositadas em sequência em uma fita de papel filtro. Após absorção e secagem (cerca de 15 minutos), o material é acondicionado em sacos plásticos vedáveis e encaminhado para análise pelo Laboratório de Vacinologia do Núcleo de Biotecnologia da UFPel.
O Epicovid19RS, é o único estudo populacional sobre coronavírus no Mundo a realizar oito fases de acompanhamentos com a população das mesmas cidades. O trabalho é é coordenado pela UFPel e pelo governo do Estado. O estudo conta com financiamento do programa Todos pela Saúde, do Banrisul, do Instituto Serrapilheira, da Unimed Porto Alegre e do Instituto Cultural Floresta. A pesquisa mobiliza ainda uma rede de 12 universidades públicas e privadas do Estado.