Estudo relata morte por Covid-19 em Campo Bom após reinfecção por diferentes variantes

Estudo relata morte por Covid-19 em Campo Bom após reinfecção por diferentes variantes

Publicado na terça-feira pelo Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale na Research Square, documento ainda não foi revisado por outros cientistas e sugere escape dos anticorpos neutralizantes anti-SARS-CoV-2

Correio do Povo e AE

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Um estudo publicado na terça-feira na Research Square – e ainda não foi revisado por outros cientistas – descreveu o caso de um paciente que morreu após se infectar duas vezes com diferentes variantes do novo coronavírus em Campo Bom, no Rio Grande do Sul. O homem, de 39 anos e com comorbidades, se contaminou com a cepa de Manaus (P.1) no fim de novembro de 2020 e não teve sintomas. Pouco mais de três meses depois, ele contraiu outra variante (P.2), a do Rio. Ele foi intubado e morreu no dia 19 de março.

"É notável que as variantes P.1 e P.2 compartilham a mutação E484K típica no RBD (domínio ligante do receptor), que tem sido relacionada ao escape de anticorpos em pacientes previamente imunizados por linhagens não mutadas. Embora o paciente possa ter formado anticorpos que incluíram o local S:484K, isso aparentemente não evitou uma infecção secundária de P.2", escreve o grupo de investigadore do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale.

Eles também apontam que poucos casos de reinfecção foram descritos em todo o mundo, especialmente com detecção de linhagens diferentes. "Embora aparentemente haja mais casos relatando que a reinfecção apresenta doença assintomática/leve , alguns casos mostraram uma doença mais grave no segundo episódio como o descrito aqui. O escape imune do vírus ou imunidade protetora limitada e transitória pode ser a causa desta reinfecção, conforme observado nos últimos casos até o momento, especialmente reinfecções de linhagens emergentes (P.1 e P.2) que também podem refletir a capacidade do vírus de substituição K484 em escapar dos anticorpos neutralizantes anti-SARS-CoV-2.

Reinfecções

O primeiro caso de reinfecção no Brasil foi confirmado pelo Ministério da Saúde no dia 9 de dezembro de 2020. Segundo estudos, a variante P.1 surgiu em Manaus, também em novembro. O artigo científico ainda sugere que o paciente foi um caso isolado de P1, no momento da detecção, já que a variante se disseminou entre o final de janeiro e março no Rio Grande do Sul, o período mais crítico da pandemia.

Pesquisas já indicaram que a mutação identificada originalmente no Amazonas é mais transmissível. O surgimento de novas linhagens Sars-CoV-2 é uma preocupação mundial. O aparecimento de novas cepas do vírus, segundo cientistas, está relacionado ao aumento das taxas de transmissão em várias regiões do País.

Autoridades médicas e pesquisadores já veem o Brasil como uma espécie de "celeiro" de novas variantes, o que pode ameaçar o grau de proteção das vacinas, uma vez que ainda não se sabe com precisão a eficácia dos imunizantes contra essas novas formas do vírus.

 

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