Extensão da pista do Salgado Filho depende de conclusão de processo

Extensão da pista do Salgado Filho depende de conclusão de processo

Ampliação da pista deve beneficiar economia gaúcha, porém famílias das vilas Dique e Nazaré precisam ser reassentadas

Correio do Povo

Extensão da pista do Salgado Filho depende de solução para processo de remoção de famílias

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A celeridade que a ampliação do Aeroporto Internacional Salgado Filho ganhou desde que foi assumida pela Fraport pela primeira vez pode encontrar um entrave. Se, por um lado, os trabalhos seguem a pleno e modificam rapidamente o cenário da região, um dos pontos mais vitais do empreendimento, o aumento da pista de operações, ameaça esbarrar no moroso e complexo processo de reassentamento das famílias das vilas Nazaré e Dique, ainda fixadas no local. 

Com conclusão prevista para até 2021, a extensão da pista é uma das próximas etapas a serem iniciadas nas obras, que já ultrapassam 40% de finalização, e é considerada fundamental para o aumento da capacidade do aeroporto e até da economia do Rio Grande do Sul.

Isso porque a atual pista do Salgado Filho é considerada curta, o que impacta diretamente na quantidade de carga que pode ser exportada pelas aeronaves que saem de Porto Alegre. Além de impossibilitar decolagens de maior porte, o atual espaço faz com que os aviões que hoje realizam voos internacionais decolem abaixo de sua capacidade. 

Um executivo ligado a empresa alemã Fraport no Brasil – que realiza a ampliação do aeroporto – afirma que essa característica acaba encarecendo aproximadamente 10% do que é exportado. “É um gargalo que o aeroporto tem e um gargalo para o desenvolvimento do Estado no que diz respeito a cargas que poderiam ser transportadas por via aérea”, explica.

O executivo da empresa diz que a ampliação da pista é fundamental para se atrair mais voos internacionais de longo curso e, consequentemente, potencializar as exportações. De acordo com ele, além de aviões cargueiros, primeiramente é necessário se trazer novas aeronaves que transportem passageiros, que também possuem uma capacidade de carga considerada grande. Atualmente, ainda conforme ele, somente cerca de 5% dos carregamentos saem efetivamente via aérea no Estado.

Queda nos carregamentos aéreos

Segundo as projeções do empreendimento, a pista do Salgado Filho deve ser expandida em 920 metros, o que proporcionará maior capacidade. Pouco antes das obras serem iniciadas, a Secretaria Nacional de Aviação divulgou um dado que mostra o declínio das exportações e importações aéreas em Porto Alegre. Conforme o sistema Hórus, enquanto a movimentação de passageiros no aeroporto seguiu um ritmo de crescimento, o transporte de cargas, que, em 2004, era foi de 44,3 mil toneladas, foi para 26,1 mil toneladas em 2017. Algumas projeções de empresários davam conta de que a falta de estrutura adequada faça com que o Estado deixe de gerar R$ 13,3 bilhões ao ano e que, com a ampliação concluída, gere anualmente cerca de 500 milhões de dólares (R$ 1,7 bilhão) apenas em impostos.

O ganho de 920 metros na pista de pousos e decolagens também tem outras vantagens, como a vinda novas linhas e conexões de longas distâncias, além da melhor ocupação dos aviões, que pode até mesmo baratear o custo dos voos. Essa ampliação, no entanto, passa diretamente pelo local onde atualmente vivem aproximadamente 1,3 mil famílias, entre as vilas Nazaré e Dique. A Fraport trabalha junto do Departamento Municipal de Habitação (Demhab) para reassentar as famílias sem atrasar o empreendimento. O processo, contudo, ainda aguarda definições.

Com R$ 1,5 bilhão de investimento, a ampliação do Salgado Filho está sendo executada pelo Consórcio HTBM – composto pelas empresas HTB, TEDESCO e Barbosa Mello –, contratado pela Fraport.


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