Fórum debate a conjuntura social

Fórum debate a conjuntura social

Situação política na atualidade foi discutida no segundo dia do evento

Sandro Schreiner /Correio do Povo

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Sob o guarda-chuva do tema "A conjuntura mundial hoje", centenas de participantes do Fórum Social Mundial 10 Anos mudaram o eixo do evento em direção aos armazéns 6 e 7, do Cais Mauá e à Assembleia Legislativa. Os aspectos da situação política na atualidade foram citados em um vídeo enviado pelo ativista palestino Jamal Juma, recentemente libertado de prisão israelense. No depoimento, ele pede o apoio e o debate sobre as pressões contra a formação do Estado Palestino. Ele lembrou a atuação para a derrubada do muro segregacionista, erguido na Cisjordânia, e pediu mobilização internacional contra a decisão do governo judeu.

O jornalista Bernard Cassen, um dos idealizadores do FSM, foi um dos palestrantes do painel. Ele falou sobre a imposição de uma linha imaginária separando o Norte do Sul, que seria forjada pelas ações intervencionistas e imperialistas dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, Cassen reafirmou a falta de liberdade e de respeito aos direitos dos cidadãos na China. "Precisamos de convergência entre os movimentos sociais e os governos que entendam a necessidade de rever suas relações com a população, dando-lhe voz e fortalecendo o conceito de democracia participativa", sustentou. Cassen foi muito aplaudido após sua intervenção ao ser lembrada a sua determinação em realizar a primeira edição do FSM, em Porto Alegre.

A defesa do povo palestino também foi bandeira do presidente do Centro Cultural Palestino do RS, Nader Baja, que criticou a presença de empresa israelense Elbit, em Porto Alegre. Segundo ele, a empresa recebe incentivos públicos, mas é conhecida por ser uma das "indústrias da morte", ligadas ao setor bélico e que também participaria da construção do muro do apartheid.

A discussão sobre a conjuntura política hoje também contou com a experiência do sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein, que falou sobre a pequena força dos movimentos sociais nos EUA e sobre a atuação daquele governo perante as guerras. Já a coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, Nalu Faria, enfocou situações como a crise econômica interfere nas relações de gênero. Já o boliviano Gustavo Soto descreveu os aspectos das pressões econômicas na formação cultural e social de países, principalmente na América do Sul.
 
Lorena Zelaya diz que hondurenhos seguem em resistência
 
Uma das personalidades que mereceram atenção do público e da organização, durante o painel "A Conjuntura Social Hoje", no armazém 6 do Cais do Porto, foi a ativista hondurenha Lorena Zelaya. Em sua manifestação, ela afirmou que o povo de Honduras segue sua ação de resistência ao golpe de estado que retirou do governo o então presidente Manuel Zelaya. "Grande parte da população não participou das eleições, que levaram ao poder Porfírio Lobo, alguém que representa a continuidade, pois foi um dos apoiadores do golpe", assinalou. Segundo ela, o movimento passou a se chamar Frente Nacional de Resistência Popular e tem a participação de diferentes classes sociais.

Lorena afirmou que a política americana de reconhecer, anteriormente, o governo golpista de Roberto Micheletti, reforça sua ilegitimidade. "Agradeço aos brasileiros nesse momento de resistência, e reforço nosso contrariedade em relação a essa linha traçada pelos Estados Unidos, que ataca as ações que os homens e mulheres hondurenhas estão realizando pela soberania do nosso país", citou, lembrando que Manuel Zelaya permaneceu na Embaixada brasileira, por cerca de dois meses, e que o governo brasileiro não reconheceu o poder de Micheletti.

A ativista destacou que, durante a posse de Porfírio Lobo, prevista para este final de semana, os hondurenhos devem denunciar de forma efetiva sua contrariedade ao golpe e a situação de "exílio" de Manuel Zelaya, na República Dominicana. "Queremos que todos aqui presentes protestem também, apoiando a nossa luta contra o neoliberalismo e o capitalismo, que são o caminho de Honduras com o presidente eleito", sustentou.

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