Fórum Social chega ao fim com repúdio a medidas de austeridade europeias

Fórum Social chega ao fim com repúdio a medidas de austeridade europeias

Participantes preparam mobilizações para Rio+20 em junho

Agência Brasil e AFP

Encerramento do FST pede fim do desconto nos povos das crises do capitalismo

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Cerca de 1,5 mil pessoas participaram neste sábado para a assembleia que marcou o último dia do Fórum Social Temático (FST) 2012. O evento reuniu mais de 100 movimentos sociais participantes que, em carta conjunta, citaram a construção de uma agenda e de ações comuns contra o capitalismo, o patriarcado, o racismo e todo tipo de discriminação e exploração. "Os povos não devem continuar pagando pela crise", destacou o documento.

O Fórum, maior evento anticapitalista internacional, repudiou "as medidas de austeridade (europeias) apresentadas em pacotes econômicos que, na verdade, privatizam bens, reduzem salários e direitos, multiplicam o desemprego e exploram de maneira errônea os recursos naturais". Os participantes do encontro, que se contrapõe ao Fórum Econômico Mundial, que reúne governantes e empresários em Davos (Suíça), convocaram uma mobilização mundial para o mês de junho, por ocasião da conferência Rio+20 da ONU, para pressionar os governantes a se comprometerem com um real desenvolvimento sustentável do planeta.

A coordenadora dos movimentos sociais, Rosane Bertotti, explicou que o documento lista elementos em comum em meio à diversidade registrada na assembleia. Entre os destaques, temas como a democratização da comunicação, a violência contra as mulheres, o desenvolvimento sustentável e solidário, a reforma agrária, a agricultura familiar, o trabalho decente e a luta pela educação e pela saúde.

“Rejeitamos toda e qualquer forma de exploração e discriminação, seja ela no mundo do trabalho, sexista ou racial. Rejeitamos também toda forma de criminalização dos movimentos sociais e a forma como o capitalismo se reinventa na proposta de uma economia verde, achando que apenas pintar de verde um espaço vai mudar a realidade", enfatizou Rosane. "Entendemos que, para mudar a realidade, não é só pintar de verde, é garantir direitos, liberdade de organização, democracia, proteção social”, avaliou  a ativista.

Para o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, o FST constituiu um espaço importante para reunir ativistas de várias partes do mundo que, em 2011, que deram lições de cidadania e consciência na luta pelo acesso à educação de qualidade. “O FST funciona como uma orquestra que consegue juntar diferentes opiniões de inúmeros países numa perspectiva de superar as desigualdades sociais e os desequilíbrios que hoje a gente enfrenta no mundo”, ressaltou.

Entre as reivindicações do movimento estudantil brasileiro estão a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB)) para a educação, a vinculação de, pelo menos, 50% da arrecadação com a exploração do pré-sal para investimentos no setor e a valorização do professor.

O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, avaliou que os debates do FST não fugiram do esperado. “Nós, do movimento sindical, viemos para o fórum para fazer o debate junto com as outras mobilizações dos movimentos sociais, para potencializar a nossa intervenção, as nossas propostas durante a realização da Rio+20.”

A ideia, segundo ele, é fazer com que a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) não seja apenas um espaço de debate para ambientalistas, mas que inclua nas discussões fórmulas para melhorar as condições de trabalho no mundo. “Não basta apenas produzir de forma sustentável, é preciso desconcentrar renda, respeito aos direitos dos trabalhadores, aos direitos sociais e, acima de tudo, ao cidadão.”

Já o presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Edson França, disse que a expectativa do movimento negro em relação ao FST foi superada, já que foi possível elaborar um documento com as reivindicações de todos os movimentos sociais. “A questão racial aparece na carta porque o racismo é uma dimensão importante da opressão. Os movimentos sociais, a cada tempo que vai se passando, por meio do diálogo, vêm tomando entendimento e se sensibilizando a respeito disso”, explicou.

Cerca de 40.000 pessoas participaram desta edição extraordinária do Fórum Social Mundial, convocada para definir a posição das organizações sociais na próxima conferência da ONU Rio+20, realizada para exigir o comprometimento dos líderes mundiais com uma nova "economia verde" e social. O encontro também lançou as bases "da Cúpula dos Povos", a ser instalada em junho no Rio de Janeiro, voltada para pressionar por um compromisso real e efetivo dos governantes com a Rio+20. Os movimentos sociais criticaram duramente o conceito de "economia verde" que a conferência pretende lançar.


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