Falta d'água causa transtornos em bairros do Extremo Sul de Porto Alegre

Falta d'água causa transtornos em bairros do Extremo Sul de Porto Alegre

Desabastecimento atingiu 13 pontos da Capital entre esta segunda e terça-feira

Jessica Hübler

Dona de casa Tatiane da Silva Abrantes enche pelo menos quatro galões para não ficar sem água

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A frequente falta d'água em bairros da região Extremo Sul de Porto Alegre tem causado transtornos para os moradores. O episódio, que se repete em diversos pontos pelo menos duas vezes por semana - conforme informado por pessoas que residem no Belém Novo e na Hípica, por exemplo - ocorreu novamente na tarde desta segunda-feira, por conta da falta de energia na área da Estação de Tratamento de Água (ETA) Belém Novo do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).

A ocorrência afetou o abastecimento das zonas Leste e Sul. "Não adianta nem ter caixa d'água porque, depois que o serviço é normalizado, a água vem toda embarrada", afirmou o professor Heron Ayres, que mora no bairro Belém Novo desde 1998. "Quando vejo que a pressão da água está enfraquecendo, já pego umas garrafas para armazenar. Tá sempre faltando", reiterou.

Outro problema recorrente na região, conforme Ayres, é o vazamento de esgoto na avenida Beira-Rio. "Sempre estamos ligando e avisando, mas eles arrumam e os problemas retornam", enfatizou. Depois que a água volta é preciso ficar de olho no gosto e na tonalidade. "Fico com a torneira aberta aqui do pátio para colocar água para os cachorros, mas tenho que ficar cuidando porque sempre vem com muito barro", contou Ayres.

Ele precisa de muita água para hidratar os dois grandes cães da raça Dogue Alemão, os irmãos Maggie e Thor, cada um com quatro anos e meio.

Mais de quatro horas sem água

Ainda no bairro Belém Novo, a advogada Rejane Paz precisou chamar um hidráulico na tarde dessa segunda-feira por conta dos reflexos da falta d'água. "Só pode ter sido isso. Nessa madrugada acordamos com a minha caixa d'água com problemas. Quando falta água, entra ar nos canos e acaba estragando. Agora temos que gastar no conserto", lamentou.

Segundo Rejane, alguns vizinhos chegaram a ficar mais de quatro horas sem uma gota d'água sair pelas torneiras ou pelo chuveiro. "E nesse calorão é ainda pior. Quem não tem caixa d'água ou não armazena, tem que correr para comprar mineral", assinalou, lembrando que amigos comerciantes da região também acabam sendo penalizados com a interrupção do serviço.

Chega verão, falta água 

No bairro Hípica a situação é semelhante. A dona de casa Tatiane da Silva Abrantes mora há seis anos na avenida Juca Batista e afirmou que, quando chega o verão, os vizinhos já sabem que vai começar a faltar água. "Sempre tenho pelo menos quatro galões cheios e às vezes umas bacias, não posso ficar sem água para cozinhar", destacou.

O cuidado é redobrado por conta dos filhos Victória Helena, nove meses e Victor Daniel, cinco anos. "Com as crianças é complicado, às vezes a água para de chegar de manhã e só volta na madrugada. Se não armazenar, fica sem. Tem que comprar água mineral até para tomar banho. Assim a gente se vira", enfatizou, reiterando que, quando o Dmae é contatado, nunca há uma explicação.

Desabastecimento atinge 13 bairros 

O desabastecimento atingiu os bairros Aberta dos Morros, Belém Novo, Chapéu do Sol, Hípica, Lageado, Ponta Grossa, Restinga, Leblon, Parque Lavoura, Loteamento Ipanema Garden, Vila Nova, Lomba do Pinheiro e Agronomia, na zona Sul.

O Dmae informou que a falta de água nas zonas Leste e Sul da cidade vem ocorrendo devido às faltas de energia na zona Sul, especificamente na área da ETA Belém Novo e também pela recuperação do sistema operacional da Estação Cristiano Fischer, devido a serviço programado, ocorrido na quinta-feira, dia 10 de janeiro, e ao rompimento da adutora no dia 12. Além disso, o Dmae declarou que a ETA Belém Novo já está em previsão de ser substituída pela construção de uma nova, com maior vazão. 

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