Família planeja educar os filhos viajando por mais de 100 países
Gaúchos de Novo Hamburgo iniciam o projeto em setembro e deve durar 1.825 dias
publicidade
"A viagem deve levar cinco anos, mas não temos certeza de nada. Queremos mostrar o mundo aos nossos filhos, criá-los de uma maneira livre. Eles vão aprender através de histórias, conhecendo pessoas e lugares".
A viagem terá cinco travessias oceânicas e deve percorrer mais de 180 mil quilômetros. O início será pela América do Sul, passando pela América Central e Europa. "Ter uma experiência destas na idade em que eles estão, de formação do caráter, dará uma base muito mais ampla para encontrarem suas próprias definições de vida, de missão e de propósito. O contato com pessoas de culturas diferentes e muitas vezes contrastantes evitará que criem os preconceitos e comparações que fazemos quanto se têm como referência apenas a própria vida", afirma Guto, destacando que a família adora viajar, mas antigamente, com os filhos matriculados na escola regular, só podiam fazer isso no período de férias.
"O grande teste foi no inverno passado, como fomos de carro para Paraty, no Rio de Janeiro. Ali nós vimos que as crianças estavam dispostas a encarar o nosso sonho", salienta Jane, destacando que ela e o marido sempre gostaram de viajar mais deixaram o trabalho e a rotina adiarem a aventura em família. "Ano passado decidimos que íamos mudar nossa vida. Começamos a nos desfazer das coisas e programar os roteiros em conjunto", diz a mãe.
O casal conhece mais de 25 países, morou fora do Brasil, mas voltou para trabalhar com comércio exterior e criaram um espaço de coworking, que será administrado por Guto a distância. Eles acreditam porém, que chegou o momento de mudar. "Nunca fomos acomodados. As pessoas glamorizam demais morar fora do Brasil e acham que isso serve como válvula de escape, como forma de deixar os problemas e 'chutar o balde'. Não estamos fazendo isso. Estamos trocando uma estrutura de vida que serviu até agora para nos manter, por outra que vai fazer mais sentido. Queremos que o projeto dê certo e se sustente", explica Guto, salientando que a família conta com apoiadores e um patrocinador.
Ajudar projetos locais que precisem arrecadar fundos com campanhas on-line também é outro objetivo da viagem. "Sempre senti um chamado para um projeto maior, mas não a viagem pela viagem, e sim a viagem como um meio de empreender, de construir, de ser transformado e transformar, de provocar as pessoas a melhorarem suas vidas e buscarem a vida que gostariam de ter. Novos Olhos é uma oportunidade de vivermos com mais intensidade um para o outro, tanto na relação do casal, pais e filhos, quanto na relação entre irmãos, no caso das crianças. Também teremos mais tempo para o nosso desenvolvimento espiritual", afirma Guto.
Além da rotina mais tranquila, e da ausência de uma casa, pois além de acampar, a família ficará em hotéis, albergues e até mesmo na casa de pessoas, outra grande mudança que surge junto com a viagem é a nova forma de educação para as crianças. O formato de aprendizagem escolhido para os cinco anos de estrada é o unschooling (não-escola), metodologia originada no Reino Unido de educação em casa, pesquisada por Jane.
"Acredito que quando se faz coisas diferentes todos os dias, aprende-se mais, e eles farão essas coisas de forma divertida, sem horários impostos", salienta a mãe. Além disso, Caio, que frequentava o segundo ano do Ensino Fundamental, será aluno de uma escola da Espanha, a Clonlara, que realiza ensino à distância e que dará suporte, para educação em casa. "Ele pode estudar de frente para um lago em um dia e dentro de uma floresta no outro", comenta a mãe ansiosa pelo início da aventura.
Acompanhe a viagem do casal pela Internet:
• Site do projeto
• Canal do Youtube
